21.7 C
Mato Grosso
sábado, julho 27, 2024
spot_img
HomeOpiniãoElas lideram Mato Grosso

Elas lideram Mato Grosso

Lembro da minha infância na década de 70, em plena ditadura militar. É, as mulheres tinhas poucas chances de ocuparem cargos de destaque. A minha sábia mãe costumava advertir ao chegar perto do fogão: “saia daí filha, vai se queimar.”

Por certo, a aversão da minha genitora de que nunca ficasse próxima do utensílio doméstico que tanto representa a vulnerabilidade delas, e carrega muitas anedotas machistas, trazia o temor em que acabasse me restringindo apenas às lides domésticas. Sim, as mulheres carregam consigo o medo de que as suas filhas se restrinjam ao ambiente doméstico. 

Ouvi claramente e não raras vezes sobre conversas de adultos, quando ainda era criança. “Esse menino precisa estudar mais para sustentar a casa dele no futuro”. “Essa menina precisa aprender a cuidar de casa, senão ninguém irá querer se casar com ela”. Outras tantas sentenças marcaram indelevelmente a criação e educação patriarcal. Famílias se preocupavam com as futuras uniões de seus filhos e filhas, sempre pensando nos homens ocupando lugares no circuito do trabalho fora de casa, e elas reduzidas ao lar. 

Na mencionada época, mulheres que estavam laborando fora de casa eram apontadas nas ruas como exemplos a serem seguidos. Todavia, denotavam um futuro pouco distante para as outras. Pois bem. As mulheres conseguiram quebrar barreiras que pareciam intransponíveis para ocuparem espaços importantes, e dantes apenas ocupados por eles. 

Elas tiveram que guerrear com poucos espaços. Salários na esfera privada de aproximadamente 30% a menos. Responderam a questionamentos sobre a vida pessoal para desenvolverem trabalho fora de casa. E muitas deixaram de realizar o sonho da maternidade para se encaixarem no tal emprego. Enfrentaram assédios sexuais, e também morais logo em seguida, quando não aceitaram se submeter à violência sexual. Ah, e quando foram promovidas ouviram comentários desastrosos de terem se envolvido sexualmente com o superior hierárquico. No ambiente de trabalho, ainda, elas presenciaram piadinhas desagradáveis sobre o ‘ser mulher’. Quantas delas não foram hiper sexualizadas e, em contra partida, menosprezadas intelectualmente?

Na atualidade, mais de 60% das pessoas que chegam às faculdades e concluem o ensino superior são mulheres. Foi, e tem sido, desafios que elas superam com cada conquista.  

Em momento histórico, o quadro de mulheres no poder em Mato Grosso é de se destacar. Exemplo a ser seguido. A Defensoria Pública neste biênio está sendo gerida pela Defensora Pública Maria Luziane Ribeiro de Castro, tendo como a Segunda Subdefensora-geral a Defensora Pública Maria Cecília Alves da Cunha. O Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso tem como atual presidente a desembargadora Clarice Claudino da Silva, e como vice-presidente a desembargadora Maria Erotides Kneip. A atual presidente em exercício da Assembleia Legislativa é a Deputada Janaína Riva. A presidente da OAB/MT é a advogada Gisela Cardoso. A delegada de polícia Daniela Maidel é a atual Delegada-Geral da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso. A Dra. Lígia Neves Azis Lucindo é a atual superintendente regional da Polícia Federal de Mato Grosso. 

No último dia 28 de abril tomou posse como presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso a desembargadora Maria Aparecida Ribeiro, e como vice-presidente e corregedora regional eleitoral a desembargadora Serly Marcondes Alves. 

É inegável que as mulheres possuem características importantes para o comando, tal como:  resiliência, resistência, coragem, empatia, flexibilidade e horizontalidade. Que tão importante onda de equidade possa render frutos em Mato Grosso! Oxalá!

(*) ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é Defensora Pública Estadual.

Noticias Relacionadas
- Advertisment -
Google search engine

Mais lidas