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Viúva de homem que perdeu três filhos para o câncer fala como era vida ao lado dele: ‘Homem sofrido, mas que era puro amor’

Anna Carolina, Pedro, Régis e Beatriz em hospital; família teve ao todo 11 diagnósticos de câncer. — Foto: Arquivo pessoal

Régis Feitosa Mota morreu de câncer no domingo (13). Ele tinha síndrome de Li-Fraumeni, doença hereditária que também acometeu os três filhos, já mortos. Velório aconteceu na tarde desta segunda-feira.

Mariella Pompeu, viúva de Régis Feitosa Mota, o pai que perdeu três filhos para uma doença hereditária e morreu no último domingo (13), prestou homenagens ao marido e falou como era a vida ao lado dele:

“As pessoas têm a ideia de que eu cuidei dele, mas ele cuidou demais de mim. Eu conheci um Regis diferente de todos vocês. O Regis homem, companheiro, maduro, sofrido, mas que era puro amor. Todos os dias ele acordava e dormia no intuito de me cuidar, me fazer feliz”.

Veja o vídeo

Régis morreu de câncer. O último diagnóstico foi de mieloma múltiplo e leucemia linfoide crônica. Nos quatro últimos anos, ele já tinha perdido os três filhos, todos com a síndrome Li-Fraumeni, um câncer raro e hereditário.

O velório do corretor de imóveis aconteceu na tarde desta segunda-feira (14) e reuniu diversos amigos e familiares. A mãe de Régis, muito emocionada, não conseguiu falar, mas cantou a música “Como é grande o meu amor por você”, de Roberto Carlos. O momento foi transmitido pelo Instagram de Régis, que já passa dos 800 mil seguidores.

“Parte de mim vai ficar em paz porque ele merece estar com esses três filhos, mas a outra parte dói muito porque ele era minha presença, minha companhia. Nós íamos pra consulta e depois íamos jantar. A gente passava o dia no hospital, mas no final íamos dar uma volta de carro. Tudo se tornava leve. Ele é único. Minha angústia é que não vou me deparar, nem de perto, com um homem como ele”, comentou Mariella.

Régis estava na fila de transplante de medula óssea que poderia salvá-lo. Ele passou as últimas semanas hospitalizado e faleceu no Dia dos Pais. Ele foi diagnosticado com três tipos de câncer em um período de sete anos (entre 2016 e 2023). O último foi informado em janeiro deste ano.

O pai da viúva também falou sobre sua admiração e amizade por Régis. A família aproveitou para agradecer à equipe médica que cuidou do corretor de imóveis.

“Esse tempo que convivi com ele, nunca vi ele com raiva de nada. Nunca deixou se abater. Tinha uma fé danada. Ele transmitiu essa fé pra muita gente. Eu tinha uma admiração especial por ele. Vai servir para nós como exemplo do que era uma pessoa que chegava e transformava o ambiente. Ele foi tão feliz que escolheu o dia de ontem para viajar. Toda vez que ele abria o celular dele, estavam os filhos”, disse o sogro de Régis.

Câncer raro e hereditário

Régis era portador da síndrome rara hereditária Li-Fraumeni (LFS), causada por uma mutação genética que aumenta a probabilidade em até 90% nas chances dos portadores desenvolverem câncer até os 70 anos.

A síndrome é caracterizada por alterar o gene TP53, fazendo com que a produção da proteína responsável por impedir o crescimento de tumores seja insuficiente. É por isso que pacientes que têm essa condição hereditária rara estão tão vulneráveis a desenvolver diversos tipos de cânceres durante a vida. A probabilidade é de 90% de chances de os portadores terem o câncer até os 70 anos.

Terceiro diagnóstico

Em janeiro, Régis publicou nas redes sociais sobre o terceiro diagnóstico de câncer que ele recebeu — um mieloma múltiplo. “Descobrimos aí mais uma doença. Já tratamos leucemia, linfoma, não Hodgkin, que estão estabilizados. Mas a gente vem tratando, não estão curados. Dessa vez, descobrimos um mieloma múltiplo, que atinge inclusive os ossos”, disse Régis Feitosa em um vídeo publicado na rede social.

Foi o terceiro câncer diagnosticado nele desde 2016, que já tratava uma leucemia linfoide crônica e um linfoma não Hodgkin – câncer que surge no sistema linfático. Ao todo, ele e os filhos receberam 12 diagnósticos para a doença. O terceiro diagnóstico foi de um tipo de câncer que se desenvolve na medula óssea e já está comprometendo a musculatura da face do corretor.

Filhos com a mesma doença

Beatriz, a filha caçula de Régis, faleceu em 2018, com 10 anos. Ela foi diagnosticada com leucemia linfoide aguda. A criança chegou a passar por um transplante de medula, que teve a mãe como doadora. Porém, meses depois, a doença voltou.

Pedro, de 22 anos, teve cinco episódios de câncer e morreu em 2020 com um tumor no cérebro.

A última perda do corretor foi Anna Carolina, de 25 anos. A filha médica descobriu um tumor no cérebro em 2021 e morreu em novembro de 2022. Na infância, ela também fez tratamento contra leucemia.

Régis ao lado dos filhos que morreram em razão de câncer, em Fortaleza. — Foto: Arquivo pessoal

Régis ao lado dos filhos que morreram em razão de câncer, em Fortaleza. — Foto: Arquivo pessoal

Fonte: G1 CE  

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