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terça-feira, novembro 19, 2024
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O Brasil no Pan; poderíamos mais?

Após dezessete dias de competição, chegamos ao fim de mais uma edição dos jogos Pan-Americanos, sediado na cidade de Santiago no Chile. Ao término da competição podemos dizer que o balanço do resultado foi muito mais positivo do que negativo, pois a delegação nacional somou 205 medalhas, sendo 66 de ouro, 73 de prata e 66 de bronze.


Obtivemos conquistas no Boxe, Ginástica e Judô, tivemos pela primeira vez na história, um protagonismo feminino na delegação brasileira, que obteve 33 ouros. Essa condição deixa evidente a milhares de mulheres brasileiras que o esporte é sim um espaço para elas, sendo mais um motivo de celebração.


Os resultados garantiram o segundo lugar no quadro de medalhas, sendo o melhor das últimas edições dos jogos. Como conquistamos esse espaço apenas na segunda metade da competição, ainda nos questionamos: poderíamos mais?


É interessante pensarmos, contudo, nos pontos menos positivos da participação brasileira no Pan 2023. Esportes com grandes expectativas, como o Skate e o Surfe, por exemplo, obtiveram desempenho inferior ao esperado. A conquista de maior desempenho nos colocaria em proximidade com a potência olímpica dos Estados Unidos, que apresenta grandes estruturas para formar equipes e atletas campeões.


É exatamente este ponto que talvez nos falte para chegar ao seu nível. Com a falta de estrutura, investimento, reconhecimento e, principalmente, entendimento que somos um país de muitos talentos esportivos, mas que nem todos estão inseridos nos esportes mais populares. O governo federal divulgou que investiu cerca de 2 bilhões de reais no esporte brasileiro, incluindo valores do bolsa atleta, organização do Jogos Estudantis, suporte ao esporte paralímpico e projetos da lei de incentivo ao esporte. Houve também 1083 infraestruturas consolidadas e, no esporte universitário, o investimento chegou aos R$ 3 milhões , mobilizando 2,5 mil atletas em 22 modalidades.


Já nos Estados Unidos, só a National College Athletics Association (NCAA) – uma das associações universitárias existentes por lá – movimenta por ano 600 milhões de dólares, repassando este valor a 3 divisões esportivas que contemplam 24 esportes, 90 campeonatos, 1100 universidades e mais de 500 mil atletas estudantes. Além deste valor, ainda repassa mais 150 milhões para ligas e organiza juntos às universidades cerca de 3,6 bilhões de dólares em bolsas de estudo. Nos esportes olímpicos, a United States Olympic e Paralympic Committee investiu 327 milhões de dólares em suas modalidades, aproveitando os frutos de um esporte de base com estrutura sólida que é a grande diferença em comparação com a estrutura brasileira.


Em acordo com o cenário de investimento, os resultados a serem esperados no próximo Panamericano não estão na superação. A expectativa que fica é, que mais uma vez o talento incontestável de nossos atletas supere todos os obstáculos que temos no esporte nacional. Destaque que, provavelmente, evidencie resultados melhores que as 21 medalhas conquistadas em Tóquio, mas que não transformam em números o potencial esportivo que temos em nosso país.


*Willian Pereira Maia é Especialista em Educação Física Escolar e professor tutor dos cursos de pós-graduação em Educação Física e Esporte no Centro Universitário Internacional Uninter.

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