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México terá duas mulheres como principais candidatas à Presidência pela 1ª vez

Nome de Claudia Sheinbaum, 61, apareceu repetidamente na liderança de pesquisas de intenção de voto — Foto: CLAUDIO CRUZ / AFP

Claudia Sheinbaum, ex-chefe de governo da Cidade do México, foi anunciada pelo Morena, partido governista

A menos de um ano das eleições presidenciais que definirão o próximo líder do México, o Morena, partido governista, anunciou na noite desta quarta (6) que Claudia Sheinbaum, ex-chefe de governo da Cidade do México, será sua candidata à Presidência. Não surpreendeu.

O nome de Sheinbaum, 61, apareceu repetidamente na liderança de pesquisas de intenção de voto, o que a conduziu direto ao favoritismo. Afinal, o partido de Andrés Manuel López Obrador -ou AMLO, acrônimo pelo qual o presidente mexicano é conhecido– definiu sua candidata por meio de pesquisa conduzida entre a população.

Pelos resultados agora anunciados, a ex-chefe de governo da capital – cargo similar ao de governadora- -, que deixou o posto em junho para disputar as internas do partido, venceu todas as cinco pesquisas feitas por diferentes institutos privados com porcentagens acima de 30%.

Ela foi seguida pelo ex-chanceler Marcelo Ebrard, que também renunciou a seu cargo no governo para concorrer à vaga, sempre com números em torno de 25%. Votaram apenas 12.500 cidadãos.

Durante a tarde, Ebrard pediu que o partido refizesse a votação. Em vídeo na plataforma X, antigo Twitter, ele alegou que sua equipe foi impedida de entrar no prédio onde ocorria a contagem dos votos em papel. “Houve graves inconsistências em todo o processo”, afirmou. O ex-ministro não esteve presente durante o anúncio dos resultados.

Como o calendário eleitoral local ainda não permite que as legendas conduzam eleições internas, o Morena, num eufemismo, diz que com esse processo elegeu sua coordenadora da “Quarta Transformação”, ou “4T”, nome com o qual foi batizada a agenda política de AMLO.

Na prática, como é de amplo conhecimento no país, a pesquisa apontou aquela que vai concorrer na eleição presidencial de 2 de junho de 2024 pelo Morena. López Obrador não pode concorrer à reeleição.

A escolha de Sheinbaum abre o caminho para que, pela primeira vez, o México tenha uma mulher no Palácio Nacional. Isso porque, se tiver habilidade para herdar o capital político de AMLO, um populista de esquerda, a líder da Cidade do México gozará de chances expressivas.

Segundo pesquisa realizada com 1.200 mexicanos maiores de 18 anos no final de agosto pelo instituto Enkoll, o presidente é aprovado por 76%. Outros 21% dizem desaprová-lo, e 3% disseram não saber opinar.

O cenário confortável nas pesquisas acompanha AMLO desde o início de seu mandato. Ele é aprovado de forma expressiva por homens (80%) e por mulheres (72%) e entre diferentes faixas etárias. Entre aqueles de 18 a 24 anos, por exemplo, 82% gostam de sua gestão à frente do país, cifra similar ao dos que tem 65 anos ou mais –83%.

O Morena também desfruta de amplo apoio. A pesquisa mostrou que 51% diziam se identificar com a sigla governista, reservando a outros partidos históricos, como o Pan (Partido de Ação Nacional) e o PRI (Partido Revolucionário Institucional), meros 12% cada.

A possibilidade de uma mulher presidente cresce tendo em vista o nome escolhido pela frente ampla de oposição para disputar o pleito: a senadora indígena Xóchitl Gálvez, anunciada no último domingo (3) pelo grupo de partidos opositores que buscam desbancar o Morena.

Durante o evento desta quarta-feira, o presidente nacional do Morena, Mario Delgado, disse que com esse método seu partido mostrou uma “legitimidade que nenhum outro conseguiu na história moderna” do país. E distribuiu críticas à frente ampla opositora: “Fizeram um processo opaco, com negociações de alto escalão nos quais a cidadania foi usada. São os mesmos de sempre usando as práticas de sempre”.

Aqueles que disputaram a vaga para concorrer à Presidência pelo Morena ficaram conhecidos como “corcholatas”. O termo em espanhol significa tampa de garrafa e foi adotado pelo presidente, um populista de esquerda, para se referir a seu possível sucessor.

Sheinbaum, primeira mulher a liderar a capital, era a mais próxima de AMLO. De perfil acadêmico, ela estudou física na Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), onde também fez mestrado e doutorado e deu aulas. Ali começou sua militância estudantil.

Ela foi secretária de Meio Ambiente da capital quando AMLO era chefe de governo, no início dos anos 2000. Depois, foi eleita em 2015 prefeita de Tlalpan, região de 670 mil habitantes. Até que se afastou do cargo, em 2018, para assumir a liderança da capital do país.

O destino do ex-chanceler Marcelo Ebrard, que agora dispara críticas contra seu partido, é incerto. Ainda que ele negue, há a possibilidade, ventilada na imprensa local, de que Ebrard migre para o centro-esquerdista Movimiento Ciudadano para disputar a Presidência.

Nesse cenário, aumentariam os desafios de Xóchitl Gálvez, que não seria a única a aglutinar os votos dos descontentes com o governo de AMLO. No pontapé inicial de sua campanha, ela tem pedido que a apoiem todos aqueles “decepcionados” com López Obrador.

Fonte: Folhapress

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