Uma tragédia causou enorme comoção na tarde de ontem (5) e aguarda investigação: o acidente aéreo que vitimou Fernando Kawahata Barreto, 42 anos, e um funcionário da empresa terceirizada que prestava serviço no aeroporto da Bom Futuro,  Juan Jose Jaramillo, de 58 anos. O irmão mais velho do piloto, Marcelo Kawahata Barreto, contou ao Leiagora que tanto ele, quanto o pai, acreditam que Fernando conseguiu abrir a porta da aeronave, salvando a vida dos outros dois passageiros momentos antes de a aeronave explodir e ser tomada pelas chamas.

“Meu pai fala que meu irmão pilotava esse avião como se estivesse andando de bicicleta. Outra coisa, meu pai acredita que quem abriu a porta para que os irmãos [Jacobowski] escapassem foi ele”, contou Marcelo.

Ele também lembrou que o irmão era experiente e estava há mais de 12 anos no ramo da aviação. Inclusive, em seu canal no YouTube, Fernando compartilhava trajetórias de voos em que muitos deles eram feitos em um bimotor King Air, igual ao do acidente.

“Ele tinha um conhecimento dessa aeronave como a palma da mão dele. Já me questionaram, por ser meu irmão, se o avião tava em dia, se não tava irregular. Conhecendo o meu irmão, ele nem entraria no avião se ele tivesse irregular”, disse o primogênito.

Trajetória

Fernando nasceu em Bela Vista-MS, mas logo depois foi morar em Campo Grande, capital do estado. Antes de começar a trabalhar com aviação, ele atuava como técnico de informática, momento em que conseguiu dinheiro para pagar o curso de piloto. Assim que se formou, o caçula passou a transitar pela ponte aérea Campo Grande/Cuiabá, onde por vezes ficava semanas sem ver a família. Por esse motivo, certo tempo depois, ele se mudou definitivamente para a capital de Mato Grosso, onde estava morando há mais de cinco anos.

“Uma pessoa de um caráter totalmente fora do comum, uma pessoa que se fosse com a ‘sua cara’, ele seria parceiro seu, mas muito, muito. Ele tinha uma personalidade muito forte, muito forte mesmo. Uma pessoa reta, outra coisa que ele herdou do nosso pai. Além de um coração enorme”, contou o irmão mais velho.

Recentemente, a família já havia sofrido uma perda com o falecimento da mãe, há dois anos, e da avó, há um ano. Fernando deixou esposa e dois filhos, sendo o mais velho de 18 anos e a mais nova de 12.

Marcelo lembra que ele e o irmão sempre foram apaixonados pela aviação, isso por influência do pai que atualmente é piloto aposentado. Além disso, a profissão tem sido passada entre gerações, visto que o filho de Fernando também está buscando tirar a Carteira de Piloto Privado (CHT), ou como é conhecida: ‘brevê’.

“Ele tava levando o filho dele para o mesmo ramo né, o filho dele tá estudando aviação. Apesar dele não compartilhar isso abertamente, eu acredito que uma vontade dele, um sonho dele era que o filho seguisse os passos dele, como ele seguiu o do pai”, afirmou o irmão.

Caso

O acidente ocorreu no aeródromo da empresa Bom Futuro e envolveu um bimotor de modelo King Air. Testemunhas que estavam no local dizem que o piloto evitou uma tragédia maior e salvou vidas, desviando a aeronave de outros hangares do aeroporto, onde haviam outros aviões e pessoas.

Além do piloto Fernando, o acidente também vitimou o funcionário Juan Jose Jaramillo, 58 anos. Também estavam no bimotor os irmãos Adelar Mateus Jacobowski, 55 anos, e Valdir Roque Jacobowski, 52 anos. Os dois foram socorridos com vida e hospitalizados.

Segundo informações do sistema de Consulta de Aeronave Cadastrada no Registro Aeronáutico Brasileiro da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o bimotor é de propriedade do próprio passageiro, Valdir Jacobowski.

Os fatores que contribuíram para o acidente aéreo estão sendo investigados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Por Karine Arruda