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Entidades alertam para prejuízos e Lula tenta diálogo, mas não descarta ‘taxar de volta’

Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O anúncio do presidente norte-americano Donald Trump sobre a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros causou forte reação do setor produtivo de Mato Grosso, especialmente das entidades do agronegócio.

O comunicado foi feito na quarta-feira (9) e é previsto para entrar em vigor a partir de 1º de agosto. Para a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MT), a medida pode provocar uma onda de inflação, com alta no preço dos alimentos e desemprego no Brasil, com impactos diretos no bolso do consumidor.

A taxação, que atinge em cheio setores estratégicos como o de carnes, soja, milho, combustíveis e até aeronaves, foi interpretada como retaliação política. Trump usou como justificativa para a medida supostas censuras a redes sociais nos EUA e perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Brasil.

O liberal é investigado por tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Lula, vitorioso nas eleições de 2022. Ele também tem duas condenações que o tornaram inelegível por dois anos. A primeira condenação ocorreu em junho de 2023, quando o ex-presidente foi derrotado por 5 votos a 2 pela reunião realizada com embaixadores, no Palácio da Alvorada, para atacar o sistema eletrônico de votação. Em outubro do mesmo ano, teve foi considerado culpado por usar as comemorações de 7 de setembro de 2022 para fazer campanha.

O presidente da Aprosoja-MT, Lucas Beber, alertou, nesta quinta-feira (10), que “essa tarifa pode aumentar o custo do prato do brasileiro”. Ele ressaltou que os Estados Unidos são um dos principais importadores de carne bovina e de frango do Brasil, e que isso afeta diretamente o mercado de grãos.

“Vai interferir no preço da soja e do milho, essenciais na nutrição animal. Isso pressiona o custo da alimentação e, no fim das contas, o bolso da população”, argumentou.

Além dos alimentos, os produtores destacam a dependência do Brasil em relação aos EUA para insumos como diesel, gasolina e máquinas agrícolas de alta tecnologia.

“Nós importamos combustíveis prontos. Se os preços subirem ou o fornecimento for comprometido, toda a cadeia de produção e transporte será afetada. A comida vai ficar mais cara”, afirmou o representante. 

A Aprosoja também chamou atenção para o risco de uma guerra comercial. Trump avisou que, se o Brasil retaliar com uma tarifa semelhante, somará os valores, elevando a taxa a 100%. “É uma situação delicada que pode causar uma recessão mais forte no nosso país, uma pressão inflacionária e, acima de tudo, geração de desemprego”, pontuou o presidente da entidade.

Impacto na carne e no mercado internacional

A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) reforçou a preocupação com a cadeia da carne bovina. Para a entidade, a nova tarifa inviabiliza as exportações para os EUA, com a tonelada da carne brasileira chegando a cerca de US$ 8.600.

“Retira nosso produto da concorrência para esse mercado tão importante”, alertou o presidente Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior.

A Acrimat pediu ação imediata do governo federal e defendeu o diálogo. “Acreditamos no bom senso e na pacífica negociação antes de medidas intempestivas que levem a resultados desastrosos para nossa economia”, acrescenta. 

Reação do governo

Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou uma nota oficial reafirmando a soberania do Brasil e criticando a tentativa de ingerência norte-americana.

Lula também rebateu os argumentos econômicos usados por Trump, afirmando que os EUA, na verdade, têm superávit acumulado de US$ 410 bilhões no comércio com o Brasil nos últimos 15 anos. Para a TV Record, Lula destacou que o Brasil vai priorizar a negociação em um primeiro momento, mas não descartou retaliar os Estados Unidos com a mesma tarifa de 50%. 

“O que mais vai valer é o seguinte: nós temos a lei da reciprocidade, que foi aprovada no Congresso Nacional. E não tenha dúvida que, primeiro, nós vamos tentar negociar. Mas se não tiver negociação, a lei da reciprocidade será colocada em prática. Se ele vai cobrar 50 de nós, nós vamos cobrar 50 deles”, disse. 

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), disse que está em diálogo com as categorias que podem ser mais impactadas. “Telefonei para as principais entidades representativas dos setores mais afetados, o setor de suco de laranja, o setor de carne bovina e o setor de café, para que possamos, juntos, ampliar as ações que já estamos realizando nos dois anos e meio do governo do presidente Lula: em ampliar mercados, reduzir barreiras comerciais e dar oportunidade de crescimento para a agropecuária brasileira”, disse.

Fonte: GD

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