O comerciante L.J.E.S, de 32 anos, que foi sequestrado e torturado por membros da “gangue do chicote”, afirmou em depoimento, que os empresário Bruno Rossi e Rafael Geon estavam presentes no momento em que sofria as torturas da quadrilha. Ambos são investigados pela polícia de ter contratado os serviços do grupo criminoso. Todos os suspeitos foram alvos da “Operação Piraim”, deflagrada pela Delegacia de Roubos e Furtos de Cuiabá, em 20 de setembro deste ano.
No documento, a vítima disse que pegou emprestado R$ 170 mil com Bruno para comprar um relógio de luxo e revendê-lo. Alguns dias depois, pagou a quantia de R$ 70 mil e disse que pagaria o restante do valor de forma parcelada.
Porém, Bruno começou a mandar mensagens por WhatsApp com tom de ameaça e exigindo receber o valor corrigido com aplicação de juros de 25%. A vítima, então, não concordou com os valores e reforçou que pagaria o valor original de forma parcelada.
O comerciante ainda destacou que Rafael fazia cobranças apenas pelos serviços que ele prestou na fabricação de joias, no valor de R$ 38 mil.
Após alguns dias, os três marcaram de se encontrar no Posto Bom Clima e, durante a conversa entre eles, um dos membros da gangue do chicote chegou a pegar de suas mãos a chave de sua caminhonete e entregar para Bruno como parte do pagamento, mas ele disse que não seria o suficiente para quitar o débito.
Em seguida, ele saiu sob poder dos suspeitos em uma Dodge Ram até o local onde ocorreram as agressões e ameaças. Ele ainda destacou que, durante toda a ação dos criminosos, Bruno e Rafael estavam presentes.
Um dos membros da quadrilha ainda disse que tinha conhecimento de uma propriedade rural que seu pai possuía, avaliada em R$ 450 mil, e queriam que ela fosse passada para o nome dos cobradores. Posteriormente, um dos criminosos pegou o celular de L.J.E.S. e ligou para seu pai, dizendo que ele estava sob o poder dos criminosos e para ele “dar um jeito” de vender a propriedade e repassar os valores para os empresários.
O pai da vítima acionou a polícia, que conseguiu localizar o bando e resgatar a vítima. Porém, na delegacia, o comerciante, assustado com a situação, disse que nada aconteceu e negou as agressões, não prestando queixa contra os criminosos, que acabaram sendo liberados.
OPERAÇÃO PIRAIM
As investigações retornaram quando o vídeo em que aparece o comerciante sendo torturado pelo bando começou a circular na internet, comprovando as agressões sofridas pela vítima em Cuiabá.
Durante a ação, os empresários acusados de contratar o bando foram presos. Em audiência de custódia, Rafael Geon acabou sendo liberado com medidas cautelares. Já o empresário Bruno Rossi segue preso.
Dos integrantes do bando, somente Sérgio da Silva Cordeiro teve o mandado de prisão cumprido. Seus comparsas, José Augusto de Figueiredo Ferreira, Benedito Luiz Figueiredo de Campos e Guilherme Augusto Ribeiro, seguem foragidos.
Por THIAGO STOFEL