Balanço deste sábado (29) mediático de Bolsonaro: 1) ele roubou a cena em evento de mulheres em Santa Catarina, com um gesto de desrespeito explícito e 2) fez declaração de amor ao dinheiro, celebrando a fortuna de 17 milhões de reais que recebeu dos doadores, entre tolos adoradores do líder da extrema direita brasileira. Foi o golpe milionário que deu certo, e sem precisar do Exército.
Parte I: a estrela machista não admite o brilho de uma mulher
O bolsonarismo é machista: desrespeita as mulheres, despreza a ideia de igualdade entre homens e mulheres, e estimula a truculência e a violência. Uma mulher, nesta lógica torta, só merece respeito se ficar no seu lugar, submissa, obediente e temente a Deus e à força do homem.
Jair Bolsonaro perdeu a eleição em 2022 junto ao eleitorado feminino pelo “conjunto da obra” de agressividade contra as mulheres. Um fator relevante no contexto da disputa eleitoral.
O ex-presidente demonstra esse desprezo e deboche inclusive na relação com a própria mulher, Michele Bolsonaro. Ele não admite que ela tenha um protagonismo político que não seja a de “mulher-de-bolsonaro”, a “mulher-que-tem-dono” ou a “mulher-que-só-aparece-por-minha-causa”. Ou seja, a condição da mulher é de hífen: só pode ser alguém se estiver ligada a um homem.
Bolsonaro protagonizou mais um gesto público de desrespeito a Michele e por extensão a todas as mulheres. O ex-presidente roubou a cena em um evento feminino de seu partido, o PL. Ele causou a interrupção no discurso da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro neste sábado (29). Segundo a primeira-dama, a previsão era que ele aparecesse apenas por um telão. Depois, ela pediu para que o evento voltasse “ao foco”.
Bolsonaro protagonizou mais um gesto público de desrespeito a Michele e por extensão a todas as mulheres.
Ou seja, Bolsonaro deu um “dane-se” geral para o evento das mulheres de Santa Catarina. Ele se acha o centro masculino e as mulheres devem sempre atenção ao que um homem fala. Basta ser homem para poder falar, basta ser mulher para ouvir com ouvidos de subserviência, é a lógica machista da interação social.
Michelle começou a discursar, mas teve que interromper de novo por causa de Bolsonaro. O ex-presidente seguia no evento e atrapalhava a atenção das pessoas. Gente, ele ainda está ali fora? Não é possível? Já saiu o fenômeno?, disse Michele sem esconder a irritação com a postura desrespeitosa de Bolsonaro.
Parte II: Bolsonaro, milionário, debocha do povo brasileiro.
Em seu discurso, Jair Bolsonaro agradeceu os R$ 17 milhões em doações recebidas para pagar multas de cerca de R$ 1 milhão por não usar máscaras e desrespeitar outras regras sanitárias durante a pandemia de Covid-19.
Bolsonaro ainda vai prestar contas a Deus e à Justiça pela parte que lhe cabe dos 700 mil brasileiros mortos durante a pandemia. Pelo que fez, debochando da doença e prescrevendo tratamentos inócuos, e pelo que deixou de fazer, a omissão criminosa no caso da compra das vacinas. As multas em questão são uma parte ínfima da conta que Bolsonaro ainda vai pagar perante o país e o mundo.
Debochando dos brasileiros, Bolsonaro afirmou que, com a sobra da fortuna recebida, vai poder comprar pastel com caldo de cana para Michelle Bolsonaro. “Ainda sobre dinheiro para tomar caldo de cana e pastel com dona Michelle”, disse o ex-presidente.
Parte III: O povo vai rir de quê?
Bolsonaro é um homem rico: recebeu uma fortuna de 17 milhões de reais doados pelos brasileiros fanáticos ou ingênuos. Esse foi o golpe de Bolsonaro que deu certo, sem precisar da intervenção do Exército.
Por Pedro Pinto de Oliveira
