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Traficante Diaba Loira, ligada ao TCP, é encontrada morta em Cascadura: ‘Não me entrego viva, só saio no caixão’

“Não me entrego viva, só saio no caixão”. Essa foi uma das frases compartilhadas por Eweline Passos Rodrigues, a Diaba Loira, de 28 anos, encontrada morta na noite desta quinta-feira na Rua Cametá, em Cascadura, na Zona Norte do Rio. O corpo da mulher estava enrolado num lençol, com marcas de tiros na cabeça e no tórax e foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML) do Centro do Rio. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada e investiga a morte da mulher.

Quem era Diaba Loira?

Diaba Loira era procurada pelo Setor de Inteligência da Polícia Militar de Santa Catarina e por forças de segurança do Rio de Janeiro. Conhecida por ostentar, nas redes sociais, armamento pesado — como fuzis e pistolas —, Eweline teria mergulhado no mundo do crime após ser vítima de uma tentativa de feminicídio cometida pelo ex-marido.

Segundo a Polícia Civil catarinense, o caso ocorreu em 2022, em Capivari de Baixo, município de cerca de 24 mil habitantes. Na ocasião, Eweline foi até a casa do ex-companheiro para buscar o filho pequeno e acabou atacada com uma facada, que perfurou seu pulmão e a levou a uma cirurgia de emergência.

— A primeira vez que me deparei com a Eweline foi quando ela foi vítima de uma tentativa de feminicídio. Ela levou uma facada do ex-companheiro. O sujeito e a família dela alegavam que ela havia se apossado de uma quantia em dinheiro dele — contou o delegado André Luiz Bermudez Pereira, da 5ª DRP (Tubarão, cidade de Santa Catarina).

Segundo o delegado, o ex-marido de Eweline trabalhava em outro estado e relatou à polícia que, ao retornar a Santa Catarina, descobriu que ela o traía e havia se apropriado do dinheiro que ele enviava para ser guardado. Ele acrescenta que, na época da tentativa de feminicídio, Diaba Loira já tinha vínculos com traficantes, embora não houvesse provas de sua participação no crime.

A partir desse episódio, a Polícia Civil de Santa Catarina passou a investigar Eweline por tráfico de drogas em sua cidade natal, em Tubarão. Enquanto aguardavam a expedição de um mandado de busca e apreensão para a residência dela, a criminosa acabou presa pela primeira vez em flagrante pela Polícia Militar, em maio de 2023, enquanto estavam a caminho para matar um desafeto dessa facção, segundo o delegado.

Em janeiro de 2024, veio a segunda prisão. Já investigada por integrar uma organização criminosa, ela e um comparsa foram detidos por porte ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas. Segundo a polícia, havia provas de que a dupla se deslocava para executar um desafeto da facção.

— A sequência dos elementos deixava claro que ela fazia parte de uma facção catarinense e também estava atuando mais na cidade de Florianópolis — afirmou o delegado.

Diaba Loira chegou a receber o direito de responder em liberdade e foi solta. No entanto, após o delegado Pereira solicitar novamente a prisão de Eweline, ela passou a viver foragida. Em 2024, seu destino foi a capital fluminense, onde buscou abrigo em redutos do Comando Vermelho no Rio: primeiro no Complexo do Alemão, na Zona Norte, e depois na Gardênia Azul, na Zona Oeste.

— Nesse período, começamos a receber diversas fotos e vídeos dela portando fuzis nas favelas cariocas — contou Pereira.

Já no Rio, ocorreu o julgamento do ex-marido. A defesa dele explorou toda a ligação de Eweline com facções criminosas e o tráfico de drogas, e os jurados acabaram absolvendo o acusado de tentativa de feminicídio.

Segundo os policiais catarinenses, o apelido “Diaba Loira” surgiu após sua chegada ao Rio, coincidindo com o momento em que começou a ganhar notoriedade nas redes sociais, em que coleciona cerca de 70 mil seguidores e compartilha vídeos portando armas pesadas. Até pouco tempo antes, era conhecida pelo apelido “Pitbull”.

Em junho deste ano, Eweline voltou aos holofotes quando foi vista por moradores da comunidade da Gardênia Azul atirando em policiais militares durante uma operação na região.

Disque Denúncia divulga cartaz pedindo informações sobre Eweline Passos Rodrigues, de 28 anos, conhecida como “Diaba Loira” — Foto: Divulgação
Disque Denúncia divulga cartaz pedindo informações sobre Eweline Passos Rodrigues, de 28 anos, conhecida como “Diaba Loira” — Foto: Divulgação

Do CV para o TCP

Em vídeos, a Diaba Loira já deixava claro que havia migrado de facção e contava que não temia ser executada por traficantes rivais por classificá-los como “despreparados”.

“É para eu ter medo? Eu estava do lado de vocês esse tempo todinho, sei que vocês são despreparados. Então antes de falar que a ‘equipe caos’ vai te pegar, parem de querer ameaçar, está chato já. Quem faz não fala”, disse Eweline Passos Rodrigues, em um dos vídeos no Instagram.

Em julho deste ano, Eweline publicou um vídeo lamentando a morte da mãe, afirmando que ela teria sido assassinada por criminosos rivais ligados ao Comando Vermelho. Na realidade, a mãe de Eweline está viva e chegou a se apresentar nesta quinta-feira na delegacia de Tubarão para obter informações sobre a morte da filha no Rio.

“Vocês pegaram a minha família, mataram a minha mãe. Vocês destruíram a única pessoa que eu tinha. Acabaram com ela, mesmo sabendo que ela morava sozinha e quase não falava comigo. Esses filhos da p*ta do Comando Vermelho sabiam”, disse Diaba Loira num vídeo publicado em julho deste ano.

Eweline Passos Rodrigues, de 28 anos, conhecida como “Diaba Loira”, teria rompido com o CV e se aliado ao Terceiro Comando Puro (TCP). na foto, ela faz o sinal da facção. — Foto: Reprodução
Eweline Passos Rodrigues, de 28 anos, conhecida como “Diaba Loira”, teria rompido com o CV e se aliado ao Terceiro Comando Puro (TCP). na foto, ela faz o sinal da facção. — Foto: Reprodução

Segundo informações, ela rompeu com o Comando Vermelho (CV) e declarou aliança ao Terceiro Comando Puro (TCP), se tornando alvo de ameaças no submundo do tráfico do Rio de Janeiro.

Eweline confirmou a troca de facção por meio de publicações em seu perfil nas redes sociais, onde passou a compartilhar conteúdo ligado à Tropa do Coelhão, liderado pelo traficante William Yvens Silva, grupo ligado ao TCP no Complexo da Serrinha, em Madureira, Zona Norte do Rio, cujo chefe do tráfico é um dos criminosos mais procurado do Rio, Wallace Brito Trindade, o Lacosta.

Entre os conteúdos compartilhados, chama atenção uma tatuagem nas costas. O desenho mostra uma mulher segurando um fuzil e fazendo o número três, em referência à facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP). Além disso, a arte inclui a imagem de um coelho e de um jacaré.

Ela também apagou postagens com referências à antiga facção.

Tatuagem nas costas de Eweline Passos Rodrigues, a Diaba Loira, de 28 anos. No desenho, uma mulher segura um fuzil e faz o número três, em referência a facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP) — Foto: Reprodução
Tatuagem nas costas de Eweline Passos Rodrigues, a Diaba Loira, de 28 anos. No desenho, uma mulher segura um fuzil e faz o número três, em referência a facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP) — Foto: Reprodução

Contra Eweline constam pelo menos três mandados de prisão em aberto. Dois deles foram expedidos por tribunais de Santa Catarina, por envolvimento com tráfico de drogas e por participação em organização criminosa: um pela Primeira Vara Criminal da Comarca de Tubarão e outro pela Vara Única da Comarca de Armazém. Este último trata-se de uma prisão definitiva decorrente de condenação transitada em julgado, com pena restante de cinco anos e 10 meses em regime fechado, além de violação de medidas judiciais, por descumprir o monitoramento eletrônico.

Por Anna Bustamante e Ana Carolina Torres

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