“Volta para a tua terra”, imagens de brasileiros retratados como macacos e até ofertas de dinheiro “pela cabeça de brasileiros”. A xenofobia contra a comunidade brasileira em Portugal tem escalado para um novo patamar de violência nas redes sociais, um fenômeno que, segundo especialistas, é alimentado pelo avanço da ultradireita e por uma sensação de impunidade no ambiente digital.
Ameaças reais: O ódio virtual tem consequências reais, como no caso da jornalista brasileira Stefani Costa, que recebeu uma ameaça de morte pública em suas redes sociais após noticiar um caso de xenofobia.
Contexto político: O aumento dos ataques ocorre em um cenário de fortalecimento da ultradireita e sua retórica anti-imigração em Portugal. A Comissão Europeia já pediu medidas mais firmes ao país.
Como denunciar: Especialistas orientam as vítimas a registrar todas as provas (prints, links) e a formalizar a denúncia na polícia e em órgãos como o Centro de Internet Segura.
Do meme à ameaça de morte
O caso da jornalista brasileira Stefani Costa, que vive em Lisboa, ilustra a gravidade da situação. Após divulgar uma postagem em que um português oferecia 500 euros por “brasileiros mortos”, ela mesma se tornou um alvo. “Entrei na minha rede social e me deparei com a mensagem oferecendo uma recompensa pela minha cabeça. Ele marcou o meu nome. Ou seja, foi uma ameaça pública”, relata a jornalista, que denunciou o caso à Justiça portuguesa.
Um problema em crescimento
O ataque a Stefani não é um fato isolado. Ana Paula Costa, presidente da Casa do Brasil de Lisboa, confirma a tendência. “Se em 2021 já era um problema, em 2024 nós percebemos que o discurso de ódio contra as pessoas migrantes aumentou”, frisa. A situação é tão séria que a Comissão Europeia cobrou de Portugal a adoção de medidas mais firmes contra o discurso de ódio online.
Para a presidente da instituição, a lógica das redes sociais contribui para uma “sensação de impunidade”, já que as denúncias feitas nas próprias plataformas raramente resultam em uma resposta rápida ou eficaz.
Apesar do ambiente hostil, a jornalista Stefani Costa, que há oito anos vive no país, se recusa a ser intimidada. “Eu já pensei em sair de Portugal, mas não por conta disso. Até porque é justamente isso o que eles querem, não é?”, questiona.
Sofreu um ataque? Saiba como denunciar
O discurso de ódio online é crime. Segundo especialistas da Casa do Brasil de Lisboa, é crucial que as vítimas não se calem e sigam os passos corretos para formalizar uma denúncia junto às autoridades portuguesas.
- Preserve todas as provas: a primeira e mais importante etapa é registrar o ataque. Tire prints (capturas de tela) ou fotos que mostrem claramente o conteúdo da mensagem ou da postagem de ódio.
- Guarde o link: além da imagem, copie e guarde o link (URL) da publicação ou do perfil do agressor. Essa informação é vital para a investigação.
- Procure o Centro de Internet Segura: antes mesmo da denúncia formal, você pode buscar orientação e registrar o ocorrido no Centro de Internet Segura de Portugal, um mecanismo especializado em crimes virtuais.
- Faça a denúncia formal na polícia: com as provas em mãos, dirija-se a uma esquadra da polícia e registre uma queixa-crime formalmente. Esta é a etapa que dá início ao processo judicial contra o agressor.
Por Deutsche Welle




