Varejo nacional acumula quarto meses sem variações negativas e tem alta acumulada de 1,9% em 2023, mostra IBGE
Depois crescer 2,4% no melhor primeiro trimestre dos últimos cinco anos, o volume de vendas do comércio seguiu o movimento positivo ao avançar 0,1% em abril, mostram dados revelados nesta quarta-feira (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A leve alta é estimulada pelo crescimento de 3,2% das compras no segmento de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. A taxa corresponde ao maior avanço do ramo desde março de 2020 (+10,5%).
De acordo com Cristiano Santos, gerente responsável pela pesquisa, o salto da atividade está ligado às vendas da Páscoa. “Antes da pandemia, os resultados das vendas da Páscoa no varejo apareciam sobretudo em abril. Nos anos seguintes, os ovos começaram a ser vendidos muito antes, em janeiro, e essas vendas eram diluídas ao longo desses meses. Neste ano, houve uma volta ao padrão de antes, e o resultado forte das vendas da Páscoa puxou o setor”, avalia.
Além dos supermercados, outras duas das oito atividades analisadas contribuíram para o quarto mês seguido sem variações negativas do setor. São elas: livros, jornais, revistas e papelaria (+1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+0,3%).
Com a sequência positiva, o varejo acumula alta de 1,9% no ano, mesmo crescimento apurado no segundo bimestre do ano, segundo os dados apresentados pela PMC (Pesquisa Mensal de Comércio).
Vendas em queda
Entre as cinco atividades que ficaram no campo negativo em abril, destacaram-se negativamente os setores de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-7,2%) e Tecidos, vestuário e calçados (-3,7%).
Santos relata que as quedas responsáveis por puxar o indicador para baixo ocorrem por razões distintas. “A atividade de tecidos, vestuário e calçados tem uma trajetória de queda há muito tempo”, explica ele,
“Se olharmos todos os indicadores desse setor, desde setembro, em geral, o cenário é muito negativo, com exceção de janeiro (27,3%), quando grandes redes fizeram promoções, após as vendas fracas no Natal e na Black Friday. Esse crescimento de grande amplitude aconteceu em uma base de comparação baixa”, completa Santos.
O pesquisador associa ainda a trajetória da atividade a uma mudança de comportamento ocorrida durante a pandemia. “Com o menor deslocamento das pessoas, houve menos necessidade de consumir produtos dessa natureza, como roupas e calçados. Essa mudança no consumo impactou as grandes redes, que têm fechado lojas nesse período em todo o país”.
Com os resultados negativos seguidos, o setor de tecidos, vestuário e calçados é um dos que ainda não recuperaram o patamar pré-pandemia, abaixo do nível registrado em fevereiro de 2020, o último mês sem o efeito das restrições para conter o avanço do novo coronavírus..
Já o segmento de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-7,2%) vem de uma alta de 6,3% no mês anterior e de uma queda de 9,7% em fevereiro. “A trajetória dessa atividade é relacionada às variações do dólar, com as quedas e as altas que se alternam ao longo dos meses”, diz Cristiano. Essa atividade ainda se encontra 17,8% abaixo do patamar pré-pandemia.
Outras atividades que ficaram no campo negativo foram combustíveis e lubrificantes (-1,9%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,4%) e móveis e eletrodomésticos (-0,5%). No varejo ampliado, em que são considerados também os setores de veículos, motos, partes e peças (-5,9%) e material de construção (-0,8%), houve retração de 1,6%.
Fonte: R7