Apesar de registrar uma safra recorde no ciclo 2022/23, acima de 100 milhões de toneladas, Mato Grosso – maior produtor nacional de grãos e fibra – deverá contabilizar uma receita agropecuária de R$ 184,31 bilhões, ou, 8% menor do que na temporada passada, quando o resultado do Valor Bruto da Produção (VBP), foi histórico ao somar R$ 200,81 bilhões.
Mesmo com perdas entre uma safra e outra, o Estado lidera do VBP nacional e responde sozinho por 16% da oferta nacional.
O VBP é a renda gerada da porteira para dentro das propriedades, levando em conta preços médios do total produzido.
O recuo reflete perdas de faturamento das principais atividades agropecuária do Estado, como o observado na soja, no milho, no algodão, na bovinocultura e na avicultura.
Todas essas atividades têm projeções de receitas aquém do consolidado em 2022.
Os dados são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O ranking das cinco maiores receitas agropecuárias de 2023 é formado por, além de Mato Grosso, São Paulo, com R$ 142,42 bilhões; Paraná; com R$ 142 bilhões; Minas Gerais, com R$ 122,31 bilhões; e Goiás, com R$ 97,40 bilhões.
De uma estimativa de receita de R$ 184,31 bilhões, R$ 156,69 bilhões serão gerados na agricultura e R$ 27,62 bilhões pela pecuária.
Entre as lavouras os três principais cultivados apresentam perdas anuais de receita: algodão, de R$ 23,42 bilhões para R$ 20,37 bilhões, o milho de R$ 42,44 bilhões para R$ 38,68 bilhões e a soja, de R$ 99,93 bilhões para R$ 92,23 bilhões.
Na pecuária, a bovinocultura é o maior destaque, porém, perde receita, na comparação anual do Mapa para Mato Grosso.
O ano deve fechar com faturamento de R$ 23,77 bilhões para R$ 21,12 bilhões.
A suinocultura e produção de ovos são exceções entre as cinco atividades do segmento: suínos devem somar R$ 1,67 bilhão em 2023 contra R$ 1,60 bilhão do ano passado e os ovos passam de R$ 1,07 bilhão para R$ 1,39 bilhão.
Na avicultura, o saldo deve passar de R$ 2,84 bilhões para R$ 2,60 bilhões.
A produção de leite deve ter ligeira retração de receita, de R$ 822,58 milhões para R$ 820,27 milhões.
BRASIL – Para o país, as estimativas de safra recorde em 2023, e os ganhos de produtividade foram determinantes ao VBP, que atingiu R$ 1,15 trilhão na estimativa de outubro deste ano.
Este valor está 2,2% acima do observado em 2022, que foi de R$ 1,12 trilhão.
O VBP das lavouras cresceu 4,2% em valores reais e está estimado em R$ 811,7 bilhões.
A pecuária obteve um faturamento de R$ 339,9 bilhões e apresentou retração de -2,1% em relação ao ano.
Contribuições positivas estão sendo observadas em uma relação grande de produtos.
São eles: amendoim com 17,6% de aumento real no VBP, arroz 17,8%, banana 15,9%, cacau 19,5%, cana de açúcar 17,2%, laranja 18,0%, mandioca 42,4%, soja 2,9%, tomate 23,0% e uva 14,5%.
Esse comportamento deve-se à influência de preços, quantidades produzidas ou a ambos.
Num ranking de produtos destacam-se soja, milho, cana de açúcar, café e algodão. Estes cinco representam 81,9% do VBP das Lavouras.
Pior desempenho é observado em algodão, batata-inglesa, café e trigo.
Fortes retrações de preços em relação ao ano passado estão entre as principais causas desses resultados.
Na pecuária, os destaques positivos são para suínos, leite e ovos.
Carne bovina e de frango não têm apresentado bons resultados neste ano.
VBP PARA 2024 – Ainda é cedo para prognósticos sobre o VBP para o próximo ano, tendo em vista as ocorrências climáticas.
Excesso de chuvas e períodos secos trazem grandes incertezas.
Os primeiros prognósticos não são muito otimistas, pois têm indicado uma safra menor do que a obtida em 2023.
Algodão, café, feijão, milho soja e trigo são os produtos que devem apresentar as maiores baixas.
Em termos percentuais, o VBP previsto pode ser 5,3% menor do obtido em 2023.
Por MARIANNA PERES