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Preconceito em torno do suicídio prejudica prevenção, diz psicóloga

 Falar sobre o suicídio ainda é um grande tabu em nossa sociedade. A psicóloga Annie Emmanuely Vendruscolo Bassan, em entrevista, explora as razões pelas quais esse tema permanece envolto em preconceitos e como isso dificulta a prevenção do ato. Segundo a especialista, a ideia de que uma pessoa possa querer acabar com a própria vida é frequentemente recebida com indignação, uma reação que impede o diálogo necessário para compreender e auxiliar quem sofre.

“Antes de falarmos sobre suicídio, precisamos aceitar a realidade de que um dia vamos morrer”, explica Bassan. Ela ressalta que, antigamente, a morte estava mais presente no cotidiano das pessoas, o que facilitava a discussão sobre o fim da vida. Hoje, porém, o medo de falar sobre sofrimento e morte impede que esses temas sejam discutidos abertamente.

Quando falamos sobre o perfil de quem pensa em suicídio, é importante lembrar que não existe um padrão único. Cada pessoa é única, e suas razões para considerar essa ação também variam. Entretanto, existem sinais comuns que podem indicar pensamentos suicidas.

“Discursos sobre querer morrer, sentimentos de vazio e desesperança, ou a ideia de que as pessoas estariam melhor sem a presença da pessoa em questão são alguns dos indicativos”, aponta a psicóloga.

Mudanças de comportamento, como maior irritabilidade, isolamento social, aumento do uso de substâncias, e até mesmo a aquisição de meios letais, também podem ser sinais de alerta.

Os fatores que levam alguém a considerar o suicídio são multifatoriais e geralmente estão relacionados a uma combinação de problemas emocionais e psicológicos. Entre os principais fatores estão o histórico de suicídio na família, traumas como abuso sexual na infância, desilusões amorosas, bullying, conflitos nas relações interpessoais, problemas financeiros, e transtornos mentais, como depressão maior, transtorno bipolar, e abuso de substâncias psicoativas.

Bassan destaca que o suicídio não discrimina por idade, gênero ou classe social. No entanto, pesquisas recentes indicam que os adolescentes são um grupo particularmente vulnerável, com um aumento anual de 6% nos casos de suicídio entre 2011 e 2022, de acordo com a Fiocruz. Os homens, embora cometam suicídio com mais frequência do que as mulheres, também merecem atenção especial.

Para prevenir o suicídio, a psicóloga sugere que precisamos criar espaços seguros para que as pessoas possam falar sobre suas dores sem medo de julgamentos. A escuta ativa, livre de preconceitos, é fundamental para ajudar quem está em sofrimento. “Escutar não é simples, mas é necessário. Após o acolhimento, é importante orientar a pessoa a procurar um profissional da saúde, como um psicólogo ou psiquiatra”, conclui Bassan.

Falar sobre suicídio de forma aberta e acolhedora é essencial para salvar vidas. Somente ao quebrar o tabu que cerca esse tema poderemos oferecer o apoio necessário para quem precisa.

Por ANDRÉ ALVES

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