Um relatório oficial do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), que apura denúncias de tortura e maus-tratos na Penitenciária Dr. Osvaldo Florentino Leite Ferreira, conhecida como Ferrugem, em Sinop/MT, revelou indícios de uma suposta tentativa de atentado contra o juiz Marcos Faleiros da Silva, além de uma possível interceptação do veículo oficial que transportava o magistrado e sua equipe durante o retorno para Cuiabá/MT.

Os fatos ocorreram nos dias 29 e 30 de outubro, durante uma inspeção determinada pela Corregedoria-Geral da Justiça e pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF/TJMT). A diligência foi realizada pelos juízes Marcos Faleiros da Silva e Paula Thatiana Pinheiro, com apoio de defensores públicos e assessores, para apurar denúncias de tortura, agressões e tratamento degradante contra detentos.

Durante a oitiva de um preso do Raio 7, o custodiado relatou a existência de um plano para matar o juiz e outras autoridades presentes. Segundo o depoimento, a ação teria como objetivo comprometer a credibilidade das denúncias apuradas e teria sido articulada pela diretoria da instituição com promessa de regalias dentro da unidade.

Ainda conforme o relatório, houve falhas graves nos protocolos de segurança, como a ausência de algemas nos pés do detento e a inexistência de policiais penais próximos à sala de audiência no momento da oitiva. O preso afirmou que poderia ter entrado no local com um objeto perfurante, o que não ocorreu por decisão pessoal.

Diante da situação, o juiz encerrou a inspeção e decidiu retornar a Cuiabá/MT no mesmo dia. Já durante a madrugada, na rodovia MT-010, o veículo oficial do Tribunal de Justiça teria sido perseguido e tentado interceptar por uma caminhonete Amarok, com vidros escuros. O motorista conseguiu evitar a abordagem e a equipe adotou medidas de segurança para despistar o veículo suspeito, que não foi identificado.

Em vídeo anexado à investigação, um detento identificado como líder de facção criminosa relatou que o plano para assassinar o magistrado teria sido encomendado pelo diretor e subdiretor da unidade prisional, informação essa que será apurada pelas autoridades.

No relatório, o juiz destacou que, em 26 anos de carreira, nunca havia vivenciado situação semelhante e afirmou que a sequência de episódios atípicos afasta a hipótese de coincidência. O caso foi comunicado aos órgãos competentes e segue sob investigação.

Veja vídeo: