A Polícia Federal apreendeu um documento que indica que o então juiz federal Sergio Moro determinou o monitoramento de autoridades com foro privilegiado no Paraná. O material foi recolhido em 3 de dezembro durante operação de busca e apreensão na 13ª Vara Federal de Curitiba, por ordem do ministro Dias Toffoli, do STF, e encaminhado ao gabinete do magistrado.
O documento é um despacho judicial datado de julho de 2005. Nele, Moro teria exigido que o empresário e ex-deputado paranaense Antônio Celso Garcia, conhecido como Tony Garcia, realizasse “novamente” gravações de uma autoridade com foro, sob o argumento de que os registros anteriores eram “insatisfatórios para os fins pretendidos”.
O material enviado pela PF ao STF inclui também transcrições de gravações determinadas pelo então juiz contra outras autoridades com foro privilegiado. O Supremo vinha solicitando documentos à 13ª Vara Federal de Curitiba sem sucesso, o que levou Toffoli a autorizar a apreensão direta dos arquivos.
Tony Garcia foi delator da Justiça Federal do Paraná e afirma que foi usado para obter informações com o objetivo de perseguir o PT. Ele acusa Moro de falta de imparcialidade e de ter ordenado grampos contra autoridades sem relação com os processos nos quais atuava.
Em nota, Sergio Moro afirmou que os fatos ocorreram em 2005, no contexto das investigações do caso Banestado, e que o entendimento do STF à época dispensava autorização judicial para gravações feitas por um dos interlocutores. Moro disse que apenas um conselheiro de tribunal de contas foi gravado, que o áudio não teve uso processual e que o episódio não tem relação com a Operação Lava Jato.




