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Para psicólogo, machismo é uma das causas das altas taxas de mortalidade entre homens

Há anos estudos indicam que homens enfrentam maior risco de mortalidade em comparação com mulheres. Contudo, quais são os fatores que tornam o sexo masculino mais suscetível à morte? Para compreender essa questão, a reportagem conversou com Gabriel Mendes, psicólogo e especialista em psicoterapia analítico-funcional.

Recentemente, dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/IBGE), em conjunto com a Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Contínua (Pnad/IBGE), revelaram que homens jovens, entre 15 e 29 anos, possuem 4 vezes mais chances de morrer do que mulheres, com taxas de mortalidade de 80,3% e 19,7%, respectivamente. Entre o público masculino nesta faixa etária, a proporção de óbitos entre pretos e pardos (68%) é mais que o dobro dos brancos (29%).

Ao analisar esses dados, Gabriel Mendes ressaltou a importância de considerar outros filtros, como a questão racial e de renda.

“Se a gente for analisar e incluir a renda, descobriremos algo que não é novo, de que homens pretos pobres morrem muito mais e muito mais jovens do que o restante da parcela populacional no Brasil. Então essa disparidade da mortalidade entre homens jovens e mulheres começa por essa questão da raça”, disse.

Reprodução

Mendes destaca que o machismo exerce uma influência significativa nesses números, pois muitas vezes os homens são condicionados a acreditar que expressar sentimentos é sinal de fraqueza.

“Nós temos homens criados para não expressar sentimentos, para não expressar sinais de fraqueza, de fragilidade, porque isso é visto socialmente como algo repreensível”, explicou.

De acordo com uma pesquisa do “Instituto Lado a Lado Pela Vida” de 2021, 6 a cada 10 homens, ou seja, 62%, no Brasil só procuram um médico quando os sintomas estão insuportáveis. Segundo Gabriel, o machismo presente na sociedade pode levar os homens a negligenciar o autocuidado, considerando-o um sinal de fragilidade. 

“A gente vivencia no Brasil, hoje, uma geração atrás da outra de homens que não têm a menor ideia do que é se cuidar […] E quando nós não temos formas saudáveis de lidar com as questões humanas, com o sofrimento humano, com essas coisas que são inescapáveis à nossa existência, a gente busca aquilo que é mais fácil”, afirmou.

Gabriel ressalta que a percepção social de que apenas as mulheres devem ser cuidadoras também as prejudica, pois as coloca predominantemente em situações de cuidar dos outros.

“Dentro da nossa cultura, o cuidado, seja de si ou do outro, é relegado ao papel da mulher. Então, as mulheres são ensinadas a cuidar e elas acabam aprendendo a se cuidar nesse processo”, finalizou. 

Por Vanessa Araujo

*Com informações da Agência Brasil. 

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