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Nível do Rio Paraguai quebra novo recorde de seca e fica mais de um metro abaixo da média em MT

Segundo o Serviço Geológico do Brasil, das 21 réguas que monitoram o rio, 18 indicam níveis de água inferiores aos esperados para o período, com três delas registrando marcas abaixo de zero; em Cáceres, nível chegou a 35 centímetros.

Em Cáceres, o nível do Rio Paraguai registrou 35 centímetros nesse sábado (21). Imagens: Sérgio Gouvea

Com 35 centímetros de profundidade, o Rio Paraguai, no trecho de Cáceres, a 250 km de Cuiabá, bateu um recorde histórico nesse sábado (21) e atingiu o nível mais baixo de água dos últimos dois anos. De acordo com o Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, da Marinha do Brasil, o nível esperado para esta época do ano é de 1,54 metro, ou seja, o rio está 1,19 metro abaixo do nível adequado.

Conforme um levantamento da Marinha, a última vez que o nível do rio esteve tão baixo foi em 2021, quando a profundidade do rio chegou a 26 centímetros, sendo que o normal seria de 1,30 metro, na época.

Casa construída sobre palafitas, projetada para elevar a habitação e protegê-la da inundação — Foto: Sérgio Gouvea

Casa construída sobre palafitas, projetada para elevar a habitação e protegê-la da inundação — Foto: Sérgio Gouvea

Imagens registradas no local mostram bancos de areia e pedras no leito do rio, devido ao baixo nível de água. Já em outra área do rio, ainda dentro do trecho de Cáceres, é possível ver uma casa construída sobre palafitas, projetada para elevar a habitação e protegê-la da inundação. No entanto, o nível do rio está tão abaixo do esperado que é possível ver um caminho de areia que vai da casa até a mata.

Segundo agentes fluviais, a presença de bancos de areia no curso do rio representa um perigo iminente para os navegantes, uma vez que essas formações dificultam a navegação, especialmente para embarcações de grande porte, que necessitam de um maior volume de água para evitar o encalhe.

Outro recorde

No dia 5 de setembro, o Rio Paraguai, no trecho de Barra do Bugres, a 169 km de Cuiabá, atingiu um recorde histórico de seca, atingindo 26 centímetros de profundidade. O nível ultrapassou os registros de 1967 e 2023, quando o nível médio do rio atingiu 28 centímetros, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), do Governo Federal.

De acordo com o SGB, ao longo dos 1.693 km em território brasileiro, o Rio Paraguai é monitorado por 21 réguas. No entanto, 18 dessas estações indicam níveis de água inferiores aos esperados para o período, com três delas registrando marcas abaixo de zero. Essa situação crítica, que se estende por boa parte do curso do rio, reflete a gravidade da seca que atinge a região.

O Rio Paraguai é monitorado por 21 réguas. No entanto, 18 dessas estações indicam níveis de água inferiores aos esperados para o período — Foto: Sérgio Gouvêa/TVCA

O Rio Paraguai é monitorado por 21 réguas. No entanto, 18 dessas estações indicam níveis de água inferiores aos esperados para o período — Foto: Sérgio Gouvêa/TVCA

Já em Mato Grosso do Sul, a estiagem no Pantanal atinge níveis críticos. No dia 6 deste mês, a régua de Ladário(MS) indicou que o Rio Paraguai está 25 centímetros abaixo do nível zero. O valor esperado para este período seria de 3,53 metros. A situação é ainda mais grave em Porto Esperança (-93 cm) e Forte Coimbra (-150 cm), ambos em Corumbá.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), na maioria dos municípios mato-grossenses, não chove há mais de 140 dias. O relatório ainda mostrou que a seca extrema ameaça a agricultura, a pesca e o turismo, gerando uma crise hídrica sem precedentes na região.

Devido ao período de seca severa, 14 municípios de Mato Grosso estão sob decretos de situação de emergência por seca ou estiagem.

Mato Grosso é o estado que mais queima

Mato Grosso é o estado do Brasil que mais queimou desde janeiro deste ano, conforme dados do Programa BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Somente em agosto, foram contabilizados mais de 13,6 mil focos, superando os números somados de janeiro a julho deste ano.

🔎 De acordo com o Inpe, o número de focos de incêndio registrados no período de 1º a 30 de agosto de 2024 foi o maior índice para este mês nos últimos dez anos no estado. O cenário se combina com uma estiagem severa, que também atinge outras partes do país na que já é maior seca da história, segundo o Cemaden.

De acordo com o levantamento do BDQueimadas, agosto também foi o 5° mês, neste ano, que Mato Grosso liderou a lista de estados com mais focos de incêndio. Dois brigadistas morreram, nos dias 22 e 26 de agosto, combatendo incêndios no estado.

1,6 milhão de hectares devastados pelo fogo

Com o alto índice de queimadas, Mato Grosso teve, somente no mês de agosto, mais de 1,6 milhão de hectares atingidos e devastados pelo fogo, segundo uma análise feita pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com base nas pesquisas da Administração Nacional dos Estados Unidos de Aeronáutica e Espaço (Nasa).

No entanto, o acumulado do ano todo foi de aproximadamente 3 milhões de área atingida em todo o estado mato-grossense.

Rio Paraguai

🔎O Rio Paraguai passa também pela Bolívia, Paraguai e desagua na Argentina. É o principal rio do Pantanal, e tem registrado níveis baixíssimos desde o início de 2024 — em julho registrou o menor nível em quase 60 anos. O rio abrange 48% no estado do Mato Grosso e 52% do Mato Grosso do Sul e atravessa os biomas Cerrado, Pantanal e também o Chaco, considerado bioma paraguaio semelhante ao Pantanal.

Fonte: g1 MT

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