O caso da onça-pintada resgatada no rio Negro, em Manaus (AM), ganhou repercussão nacional. O animal foi avistado na quarta-feira (01/10) por passageiros de uma embarcação que alertaram as autoridades ambientais. Ele estava longe das margens e parecia desnorteado e debilitado. Tentava atravessar o rio, mas já estava sem forças. Segundo relatos, a onça já nadava há muitas horas.
Foi montada então uma força-tarefa para resgatar a onça-pintada, liderada pelo Batalhão de Policiamento Ambiental e com o apoio da Secretaria de Estado de Proteção Animal e de um especialista da Universidade Federal do Amazonas. Com um barco, a equipe se aproximou do animal, que acabou se agarrando a um dispositivo improvisado de flutuação. Como estava ferido, tinha perdido muito sangue, ele não apresentou resistência ou agressividade (veja vídeo mais abaixo).
Depois a onça foi levada para uma clínica veterinária particular, onde passou por uma série de exames. Lá foi constatado que o animal, um macho, com aproximadamente 5 anos, tinha sido alvejado por uma arma de caça e exames de raio-x revelaram que havia mais de 30 estilhaços de chumbo em sua cabeça e pescoço, incluindo sobre um dos olhos. Durante um procedimento cirúrgico, alguns deles foram retirados.

Foto: divulgação
Após a cirurgia, a onça foi levada para um recinto no zoológico do antigo hotel Tropical, em Manaus. Ela está sendo acompanhada por um biólogo, mas ainda apresenta sinais de estresse. A principal hipótese é que o animal foi para o rio para fugir do caçador.
Caça continua uma ameaça à vida silvestre
Dificilmente se encontrará o criminoso que atirou contra a onça-pintada no Amazonas. Mas casos como este, infelizmente, ainda são bastante comuns no Brasil, e sobretudo, em regiões como a Amazônia, onde a caça a animais silvestres ainda acontece com frequência – seja por retaliação a ataques, consumo de carne ou pela venda da pele e suas partes para o tráfico. Em 2023, mostramos o caso de um caçador que matou uma fêmea de onça-pintada e tentou vender o seu filhote em Manaus.
Todavia, em geral, crimes assim ficam impunes. E uma das razões para tal são as brandas penas impostas aos infratores.
De acordo com a legislação brasileira, a pena prevista para quem mata um animal silvestre é de somente três meses a um ano de prisão e o pagamento de uma multa de R$ 5 mil.
Existe um projeto de lei, já tramitando no Congresso, que pede penalização mais rígida para crimes contra animais silvestres. O PL 4278/2023 altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, para aprimorar a proteção dessas espécies (leia sobre campanha lançada para apoiá-lo aqui).
Em agosto, em decisão histórica, a justiça da Argentina condenou pela primeira vez caçadores que mataram onça-pintada. Já passou da hora de o Brasil seguir o exemplo da nação vizinha.
Denuncie, sempre!
 As autoridades de Manaus pedem que qualquer informação sobre o caso da onça-pintada encontrada no rio Negro seja denunciado para os órgãos ambientais através dos contatos abaixo, que servem também para o resto do Brasil:
– Portal Fala.br
–  Linha Verde do Ibama 0800 61 8080
– 197 ou WhatsApp (92) 3667 7575 – Polícia Civil
–  190 – Polícia Militar




 
                                    