João Gustavo Ricci Volpato, preso pela Polícia Civil nesta quarta-feira (30) sob a acusação de liderar o esquema que desviou mais de R$21 milhões da Conta Única do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), é genro do desembargador Rubens de Oliveira Santos Filho. João Gustavo é casado com a filha do magistrado, Flávia de Oliveira Santos Volpato, que também é suspeita de participar do esquema e foi alvo de um mandado de busca e apreensão.
Os dois são alvos da Operação Sepulcro Caiado, deflagrada nesta manhã para desarticular o grupo criminoso.
De acordo com as investigações detalhadas na decisão do juiz do Núcleo de Justiça 4.0 Moacir Rogério Tortato, que autorizou a operação, o esquema consistia em ajuizar ações de execução, sem o conhecimento das partes rés, com assinaturas e documentos falsos, utilizando procurações falsas para representar vítimas que não haviam contratado os advogados envolvidos nas fraudes. Eles também simulavam a quitação da dívida via depósito judicial, juntando comprovantes de pagamentos falsificados aos autos dos processos.
Servidores do TJ envolvidos no esquema criavam planilhas falsas simulando os depósitos na Conta Única da Corte estadual, permitindo assim a obtenção fraudulenta de alvarás judiciais, para migrar o respectivo valor da conta do Judiciário para a conta vinculada ao processo.
João Gustavo, que seria o líder do grupo, é empresário, sócio das empresas RV Empresa de Cobrança e Labor Fomento Mercantil e ocupa o cargo de gerente da Agência Nacional de Mineração em Mato Grosso desde abril deste ano.
Ele foi identificado pela polícia como autor de 13 dos 17 processos fraudulentos e é apontado ainda como beneficiário, comprador, remetente, responsável, sacador, sócio e titular em operações financeiras suspeitas.
Já a esposa dele e filha do desembargador é titular de uma das contas bancárias utilizadas para ocultar e dissimular a origem ilícita dos valores desviados. Ela recebia dinheiro direto da conta do marido e chegou a comprar um imóvel, pagando R$ 37.521,82 em espécie.
Mais de 160 ordens judiciais estão sendo cumpridas desde as primeiras horas do dia, sendo 11 mandados de prisão preventiva, 22 mandados de busca e apreensão, 16 ordens de bloqueio judicial totalizando mais de R$ 21,7 milhões, além de 46 quebras de sigilo fiscal e bancário e sequestro de 18 veículos e 48 imóveis.
As ordens judiciais deferidas pelo juiz Moacir Rogério Tortato são cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande e na cidade de Marília (SP).
Além de João Gustavo, são alvos de mandados de prisão preventiva Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes, Luiza Rios Ricci Volpato, Augusto Frederico Ricci Volpato, Rodrigo Moreira Marinho, Themis Lessa da Silva, João Miguel da Costa Neto, Régis Poderoso de Souza, Denise Alonso e Mauro Ferreira Filho.
Mauro Ferreira é servidor do TJ e ainda não foi encontrado pela polícia, sendo considerado foragido.
Já os alvos de mandados de busca e apreensão, além de Flávia de Oliveira, são Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes, Escritório de advogacia França e Moraes, João Gustavo Ricci Volpato, Luiza Rios Ricci Volpato, Augusto Frederico Ricci Volpato. Julia Maria Assis Asckar Volpato, RV Empresa de Cobranças LTDA, Labor Fomento Mercantil LTDA, Rodrigo Moreira Marinho, Themis Lessa da Silva, João Miguel da Costa Neto, Guilherme Porto Corral, Mauro Ferreira Filho, Keyyly Gonçalves Martinez, Eva da Guia Magalhães, Cláudia Regina Dias de Amorim Del Barco Correa e Denise Alonso.
Por VANESSA MORENO