Um homem de 47 anos, que não teve o nome divulgado, foi preso na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em Cuiabá, na tarde desta quarta-feira (30), por importunação sexual contra uma estudante de 19 anos. Em um período de menos de 7 dias, dentro da UFMT, Solange Aparecida Sobrinho, 52, foi encontrada morta com marcas de asfixia no pescoço e suspeita de violência sexual, e uma estudante de 23 anos foi atacada por uma pessoa em situação de rua. Esse é o terceiro caso em uma semana em que uma mulher é vítima de violência no campus da universidade.
Segundo informações da Polícia Militar, a estudante estava no bloco do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), quando foi abordada pelo suspeito pela primeira vez. Ele estava agitado, aparentemente sob efeito de entorpecentes, e foi em direção a outro bloco do campus. Lá, ele novamente abordou a estudante oferecendo maconha. Após ela negar, o homem disse “me dá um abraço” e, antes que ela respondesse, agarrou-a e deu um beijo no pescoço.
Testemunhas acionaram a segurança da UFMT, que identificou e deteve o suspeito. Ele foi entregue à equipe da Polícia Militar.
A reportagem apurou, ainda, que o suspeito importunou outras mulheres no campus antes de ser preso. Uma estudante de Sistemas de Informação, também de 19 anos, que não quis se identificar, conta que foi abordada pelo homem, que segurou seu braço.
“Eu e uma amiga estávamos indo até o RU [Restaurante Universitário] para almoçar, quando fomos abordadas por esse cara no meio da rua. Ele abordou a gente já dizendo que não iria nos pedir nada e eu logo fechei a cara. Ele segurou meu braço e repetiu novamente que não iria pedir nada, olhou para minha cara e perguntou ‘o que foi?’. Ele me soltou e fomos para a calçada, nisso ele perguntou se eu namorava, eu disse que sim e ele ficou em silêncio, então virou pra minha amiga e repetiu a pergunta”, relatou à reportagem.
Suspeito foi identificado e detido pela segurança da UFMT.
Uma outra estudante que não quis se identificar disse que estava em um ponto de ônibus e testemunhou o suspeito abordando mulheres no campus.
“Eu estava no ponto da Faet [Faculdade de Arquitetura Engenharia e Tecnologia]. De primeira ele chegou e sentou. Aí quando atravessaram duas meninas, ele parou elas quase no meio da rua e perguntou a uma delas se tinha namorado – ela disse que sim. Aí perguntou à outra, essa disse que não tinha. Ele apertou a mão dela e disse ‘prazer’. Ela disse que estava com pressa, ele insistiu e continuou a segurar a mão dela. Ela disse novamente que estava com pressa e saiu”, contou.
O caso é mais um de insegurança na universidade, especialmente entre as mulheres.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da UFMT e questionou sobre as medidas tomadas diante das últimas ocorrências.
“A gestão já agendou uma reunião com representantes estudantis — incluindo o Diretório Central dos Estudantes (DCE), centros e diretórios acadêmicos — para esta quinta-feira (31), nos órgãos colegiados da Reitoria, com o objetivo de ouvir as demandas da comunidade acadêmica e alinhar medidas imediatas e estruturais voltadas à segurança no campus”, diz nota encaminhada.
Nesta quarta-feira (30), a partir das 18h, estudantes organizam, no Instituto de História, Geografia e Documentação (IGHD), um ato contra o assédio e os ataques na universidade.
Por Silvano Costa