Há dois anos, Cecília Viveiros, 28, não imaginava que o desodorante antitranspirante à base de manteiga de manga que criou, a partir da própria necessidade, a tornaria uma empreendedora.

No calor causticante de Cuiabá, a então aluna da primeira turma de Engenharia Química da UFMT só estava pensando em um produto que não irritasse sua pele e realmente barrasse o suor.

Além de encontrar a solução para si, a universitária Cecília passou a pesquisar artigos científicos e estudar, inicialmente, os danos de componentes químicos contidos nos desodorantes tradicionais.

Depois, a estudar a cosmetologia e a formulação correta para os produtos veganos (sem componentes de origem animal) que queria desenvolver.

Divulgação

Cecília, durante participação na Feira do Empreendedor, promovida pelo Sebrae

Fez seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) mostrando a toxicidade, prejuízos à saúde e ao meio ambiente, de uma marca convencional.

Comparando-os aos benefícios do seu desodorante e de outros dois produtos naturais, o xampu sólido e o sabonete, que desenvolveu na sequência.

“No dia da apresentação do TCC, fiz um kit com os três produtos e entreguei aos professores. Eles os usaram durante a apresentação. Todos gostaram. Não fui só aprovada, recebi incentivos”, recorda.

Cecília conta que quando ingressou na faculdade não tinha planos.

“Eu gosto de Química, queria fazer Química, mas mudei ao ver que havia sido aberto o curso de Engenharia Química”, conta.

De acordo com ela, desde o primeiro dia de aula, a maioria dos colegas de turma parecia certa sobre os profissionais que seriam no futuro.

“Eles queriam trabalhar nas plataformas de petróleo da Petrobrás, algo que jamais pensei para minha vida”, conta.

Encantada com a solução dada ao problema pessoal que tanto a incomodava, com o desodorante de manteiga de manga devidamente testado em si mesma, no final de 2021, ela decidiu apresentá-lo ao mundo.

E antes que alguém pudesse torcer o nariz por causa da presença da manteiga de manga, a empreendedora mostrou que não há o menor sinal de odor que possa supor a presença da fruta.

Cecília diz que testou outros tipos de manteiga de frutas, como karité e cupuaçu, muito empregadas em cosméticos.

Mas, a manga foi a que mais deixou a pele sequinha, sem transpiração.

Combinada com óleos essenciais cicatrizantes e antiinflamatórios, como de lavandim, explica ela, eliminou o suor deixando a pele saudável.

Dois anos depois, Cecília tem sua própria marca, a “Natureza Raízes”, com três linhas de produtos veganos, disponíveis em 30 itens.

A linha capilar, por exemplo, tem xampu, condicionador e máscara.

A corporal, lógico, passa pelo antitranspirante que lhe impulsionou a empreender, e segue com hidratantes, pomadas, óleos…

Os faciais surgiram na forma de sabonetes para diferentes tipos de pele, hidratantes, sérum, esfoliante e a maquiagem blush e gloss (facial e labial).

Cecília destaca que a matéria-prima, manteiga e vegetais, que usa em seus produtos, vem do  extrativismo sustentável da Amazônia.

Já os óleos essenciais são de fornecedores de sítios agroecológicos. 

Por ALECY ALVES