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quinta-feira, novembro 20, 2025
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Delegado suspeita da atuação de médico residente e dá voz de prisão; CRM acusa violência institucional

O delegado Pablo Carneiro, da Delegacia de Estelionatos de Cuiabá, prendeu em flagrante, hoje (19), o médico residente Gilmar Silvestre de Lima dentro do Hospital HBento, após acusá-lo de atuar irregularmente como anestesista. A abordagem ocorreu durante uma consulta marcada pelo próprio delegado, que buscava avaliação pré-cirúrgica.

Carneiro relatou que se surpreendeu ao ser atendido por Gilmar, já que o agendamento indicava que a consulta seria realizada por uma médica. Durante o atendimento, o residente conduziu a anamnese, fez exames e preencheu o formulário médico assinando como responsável e também no campo destinado ao anestesista, sem carimbo. Desconfiado, o delegado verificou o registro do profissional e concluiu que ele não possuía especialidade registrada, o que motivou a voz de prisão.

No entanto, o episódio provocou reação imediata do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), que classificou a prisão como “abusiva” e anunciou que apresentará uma representação contra o delegado na Corregedoria da Polícia Civil. O órgão também vai oficiar o governador Mauro Mendes e a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) pedindo providências.

O presidente do Conselho, Diogo Leite Sampaio, afirmou que o médico foi alvo de violência institucional.

É uma violação grave dos direitos e prerrogativas de um médico formado, devidamente inscrito e apto a exercer sua profissão. Ele foi preso por uma alegação absurda e fantasiosa. Foi vítima de violência institucional, e o Conselho irá agir com firmeza”, disse.

Segundo profissionais que testemunharam a ação, após o atendimento o delegado deixou o consultório e retornou instantes depois, já anunciando a prisão. Funcionários que tentaram pedir explicações teriam sido ameaçados. Carneiro teria dito que “na viatura que estava chegando caberiam mais pessoas”, segundo relatos.

O residente foi levado à delegacia e liberado após depoimentos de outros médicos, e funcionários confirmarem que não houve crime. Testemunhas relataram ainda que, ao perceber que não havia respaldo jurídico para a detenção, o delegado tentou alterar a tipificação da ocorrência, sem sucesso.

O CRM-MT reforçou que médicos residentes são legalmente habilitados para realizar consultas e avaliações, ainda que sem título de especialista.

Eles passam por processo seletivo rigoroso, atuam sob supervisão e têm respaldo legal para conduzir consultas e avaliações. Não houve qualquer irregularidade por parte do profissional”, afirmou Sampaio.

Gilmar é formado pela Universidad de Aquino (Bolívia), com diploma revalidado pela UnB. De acordo com o Conselho Federal de Medicina, apenas médicos com residência concluída ou aprovados em prova de título podem anunciar-se como especialistas, mas isso não impede o residente de realizar consultas, desde que dentro de sua área de atuação e supervisão, o que, segundo o CRM-MT, ocorreu no caso.

O caso é apurado.

Por GUSTAVO CASTRO

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