O Grupo Pupin, que estava em recuperação judicial há mais de dez anos, teve sua falência aprovada por unanimidade pelo Comitê de Credores.
A decisão histórica ocorreu em reunião extraordinária no dia 1º de dezembro e se baseou em um relatório técnico que concluiu pela completa inviabilidade operacional da empresa e pela deterioração progressiva de sua situação financeira.
O processo, que agora segue para análise da 1ª Vara Cível de Campo Verde (MT), foi motivado por um estudo que consolidou dados contábeis, projeções financeiras, matrículas imobiliárias e um levantamento detalhado de movimentações bancárias.
Motivos da falência
Entre os pontos mais críticos apresentados no relatório, que culminaram na decisão de convolação da recuperação judicial em falência, destacam-se:
Inviabilidade Operacional: O estudo confirmou que o grupo não possui atividade operacional desde 2019. Análises contábeis entre 2017 e 2020 já revelavam queda contínua de receitas, prejuízos acumulados e falta de estrutura, máquinas ou governança.
Dívida Extrapola Ativos: O passivo total do Grupo Pupin (concursal, tributário e extraconcursal) está estimado em R$ 3,5 bilhões, valor aproximadamente 22% superior aos ativos disponíveis, avaliados em R$ 2,8 bilhões. Em um cenário de falência com reversão de deságios, a dívida poderia atingir R$ 5,9 bilhões.
Crescimento Incontrolável da Dívida: As dívidas extraconcursais (contraídas durante a recuperação) somam R$ 1,85 bilhão e devem aumentar exponencialmente. A projeção de juros e correção para os próximos três anos soma R$ 1,3 bilhão, enquanto os ingressos previstos pela empresa cobrem apenas cerca de 5% desse montante.
Desvios de bens e movimentações atípicas
O Comitê de Credores também levantou denúncias graves sobre a conduta dos executivos. Foi destacada a identificação de inconsistências nas informações fornecidas e movimentações financeiras atípicas.
O relatório apontou:
– Transferências suspeitas: Foram registradas movimentações suspeitas de cerca de R$ 430 milhões em contas da empresa José Pupin & Cia.
– Uso pessoal de dinheiro: Foram identificadas transferências de mais de R$ 95 milhões para Gustavo Camargo Pupin e seu núcleo familiar, sem o devido lastro documental.
– Concentração de poder: O núcleo decisório concentrado em José Pupin e Marisa Camargo Pupin foi acusado de utilizar o patrimônio vinculado à recuperação para quitar dívidas pessoais de familiares.
Consultores envolvidos no processo de busca por investidores confirmaram que a única solução técnica viável para o grupo seria a venda ordenada de ativos, mas que, neste ponto, nem mesmo a alienação integral de todos os bens seria suficiente para cobrir o passivo total.
A decisão final de encaminhar o processo para a falência foi registrada com aprovação de 100% dos créditos votantes.




