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domingo, dezembro 14, 2025
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Como é o ‘novo clima’ que está surgindo na Amazônia, segundo cientistas

A Amazônia está entrando em um processo de transformação que pode levar ao surgimento de um clima mais quente, mais seco e com eventos extremos mais frequentes. Pesquisadores afirmam que a floresta está a caminho de um regime descrito como ‘hipertropical’, um tipo de ambiente que não ocorre na Terra há dezenas de milhões de anos.

O estudo é liderado pela Universidade da Califórnia em Berkeley. Os cientistas projetam que, se o nível atual de emissões de gases de efeito estufa continuar, a Amazônia poderá enfrentar até 150 dias por ano de seca quente até o fim do século. A tendência pode ocorrer mesmo no período que hoje corresponde à estação chuvosa.

As projeções apontam risco de morte generalizada de árvores. A mudança ameaça a capacidade da floresta de absorver dióxido de carbono. As florestas tropicais concentram a maior parte da absorção de carbono causada por atividades humanas. Relatórios recentes já registraram aumento de CO2 atmosférico após secas severas na região. O comportamento mostra que o clima tropical tem impacto direto no balanço de carbono global.

O termo ‘hipertropical’ se refere ao ambiente que surge quando a estação seca se prolonga e as temperaturas ficam acima do padrão normal. “Quando estas secas quentes ocorrem, este é o clima que associamos a uma floresta hipertropical, porque excede os limites do que actualmente consideramos uma floresta tropical”, afirmou o diretor do estudo, Jeff Chambers, em comunicado da Universidade da Califórnia.

O estudo foi publicado na revista Nature. A pesquisa mostra que a seca e o calor aumentam o estresse das árvores e ampliam a taxa de mortalidade. Os cientistas identificaram que a morte ocorre quando o teor de umidade do solo cai para cerca de um terço do volume normal. As árvores deixam de capturar carbono e morrem por falta de energia ou pelo surgimento de bolhas de ar na seiva.

“Demonstrámos que as árvores de crescimento rápido com baixa densidade da madeira eram mais vulneráveis e morriam em maior número do que as árvores com alta densidade da madeira”, explicou Chambers. Ele estuda a floresta desde 1993, com trabalhos desenvolvidos no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em Manaus.

Os pesquisadores alertam que o fenômeno não deve se limitar ao Brasil. As condições hipertropicais podem surgir também nas florestas da África Ocidental e do Sudeste Asiático. A avaliação é que o cenário mais grave ocorrerá se a sociedade mantiver os altos níveis de emissões que impulsionam o aquecimento global.

“Depende de nós até que ponto vamos realmente criar este clima hipertropical”, afirmou Chambers. Ele advertiu que, se as emissões seguirem sem controle, “o humano criará este clima hipertropical mais cedo”.

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