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China prepara Exército para guerra prolongada e multidomínio, dizem EUA

A China desenvolveu uma estratégia militar integrada para enfrentar os Estados Unidos e seus aliados em um possível conflito armado, com foco na guerra multidomínio, controle da informação e capacidade de sustentação prolongada. A avaliação foi feita pelo Comando de Doutrina do Exército dos EUA em um relatório que analisa como o Exército de Libertação Popular atua em operações de combate em larga escala.

O documento descreve uma abordagem sistêmica e coordenada das forças armadas chinesas, com ênfase na capacidade de travar guerras de alta intensidade e longa duração. A doutrina militar chinesa combina operações terrestres, aéreas, navais, espaciais, cibernéticas e cognitivas para comprometer o funcionamento dos sistemas inimigos, paralisar centros de decisão e impedir o acesso de forças externas a áreas consideradas estratégicas por Pequim.

O conceito operacional central é a Guerra de Precisão Multidomínio, adotado pelo Exército de Libertação Popular (ELP) em 2021. Ele prevê ações simultâneas em todos os campos militares, com uso de tecnologias avançadas como inteligência artificial, big data, armas hipersônicas e robótica para atingir pontos vulneráveis e assegurar o domínio da informação.

A estratégia militar chinesa parte do princípio da “defesa ativa”, que prevê ações ofensivas dentro de uma postura estratégica defensiva. A meta é alcançar vitórias rápidas e localizadas que conduzam ao controle de áreas disputadas, como o Estreito de Taiwan, sem escalar o conflito para níveis incontroláveis.

O relatório afirma que o Partido Comunista Chinês enxerga o ambiente de segurança internacional como cada vez mais instável, com os Estados Unidos classificados como principal rival estratégico. A expansão militar da China se alinha a interesses considerados centrais pelo regime, como integridade territorial, estabilidade interna e projeção global de poder.

Além de desenvolver capacidades militares convencionais, a China investe na chamada fusão militar-civil. Essa integração entre infraestrutura econômica, tecnológica e militar é um dos pilares da doutrina de mobilização nacional. O país também promove campanhas sistemáticas de desinformação, guerra psicológica e ofensivas cibernéticas contra sistemas de comando e logística de potências adversárias.

O Exército chinês opera sob cinco comandos, cada um voltado para uma região estratégica do país. Em tempo de guerra, forças terrestres, fuzileiros navais, tropas aerotransportadas, brigadas de mísseis e unidades de guerra eletrônica seriam combinadas em operações conjuntas. O relatório aponta que o ELP vem superando limitações históricas na coordenação entre diferentes ramos militares, embora ainda enfrente desafios logísticos, especialmente em operações anfíbias de grande escala.

A China também desenvolveu uma estratégia específica de contraintervenção. O objetivo é atrasar ou neutralizar reforços dos EUA ainda durante o deslocamento, com ataques a centros de comando, redes de comunicação, portos e bases avançadas. Essa abordagem busca impedir a chegada de forças aliadas ao teatro de operações.

O domínio da informação é considerado essencial, segundo o relatório dos EUA. A campanha inclui propaganda, manipulação cognitiva e sabotagem digital com o objetivo de desacelerar processos decisórios e desorganizar a resposta inimiga. Satélites, drones, balões e espionagem humana formam a base do sistema de coleta de inteligência usado para antecipar movimentos adversários.

No mar, a estratégia chinesa prioriza a negação de acesso ao inimigo. Fortificações em ilhas, submarinos e mísseis de longo alcance são usados para dificultar a movimentação de forças navais adversárias. No ar, o foco é destruir ativos críticos, como aviões de alerta antecipado e reabastecimento, para negar ao inimigo a capacidade de projeção aérea.

O relatório destaca ainda que a China está mudando sua doutrina nuclear, se afastando do compromisso de não usar armas nucleares primeiro. Pequim agora adota uma postura de retaliação antecipada em caso de alerta de ataque iminente, o que pode reduzir o tempo de resposta em cenários de escalada.

Apesar das vantagens em escala, capacidade tecnológica e proximidade geográfica de potenciais áreas de conflito, o relatório reconhece que o ELP ainda enfrenta vulnerabilidades importantes. Entre elas estão a logística de combate, a falta de experiência real em operações conjuntas integradas e os riscos operacionais ligados a fatores ambientais e resistência defensiva inimiga.

Do R7

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