Juízes federais do Brasil emitiram uma declaração de repúdio em relação às declarações do deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-procurador do Ministério Público Federal conhecido por sua participação na operação Lava Jato.
Dallagnol atacou o ministro Benedito Gonçalves, relator do processo de sua cassação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmando que ele teria manipulado o resultado visando uma possível nomeação para o Supremo Tribunal Federal (STF), em uma entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, na quarta-feira (24).
Na nota de repúdio, a Ajufe, Associação dos Juízes Federais, classifica a afirmação com um “ataque pessoal” ao magistrado e diz que a conduta é “inadmissível”.
“A Ajufe reforça que são inadmissíveis ataques pessoais a magistrados no cumprimento do seu dever constitucional de julgar. A legislação brasileira dispõe dos instrumentos processuais para se questionar qualquer decisão. Lançar ofensas descabidas e fazer ilações contra os magistrados só serve para alimentar narrativas e conjecturas desprovidas de fundamentação fática e jurídica”, diz a associação.
A cassação de Deltan Dallagnol se deu de forma unânime pelos sete ministros que compõem o plenário do TSE.
No voto, o relator Benedito Gonçalves aponta cinco indícios de que Dallagnol pediu exoneração do MP, no fim de 2021, com o objetivo de frear investigações preliminares sobre sua conduta.