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domingo, dezembro 22, 2024
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Após picada de jararaca, mulher morre internada no HMC


A dona de casa Marciele de Pinho Silva, de 36 anos, moradora de Chapada dos Guimarães, morreu na manhã de quinta-feira (4) após ser picada por uma cobra jararaca rabo-de-osso.

Ela saiu da UPA em que foi atendida no Município aparentando estar bem, para realizar alguns exames no Hospital Municipal de Cuiabá, mas seu quadro se agravou e ela não resistiu. Seu agravamento repentino causou estranheza.

De acordo com o marido de Mariciele, Carlezio Nascimento da Cruz, de 42 anos, a esposa estava recolhendo roupas no varal, na manhã de quarta-feira (3), na chácara em que moram, perto da Cachoeira da Geladeira, quando  pisou na cobra. A picada foi na parte interna do pé.

“Ela me chamou, corri onde ela estava, matei a cobra e a levei diretamente para a UPA”, disse.

“Eles já foram medicando ela assim que chegamos, não sei que remédios deram, cada hora falavam um nome. Mas eu não estava com a cabeça normal para ter certeza do que é que estavam aplicando nela, só sei que aplicaram um monte na veia e até na barriga”, disse.

Carlezio recorda que quando chegou à unidade a perna da esposa estava roxa até na altura do joelho. “Ela não queria nem que encostasse de tanta dor que sentia”.

Conforme foi sendo medicada a dor de Marciele foi diminuindo gradativamente, até ficar concentrada apenas no ponto da mordia, a coloração também voltou ao normal.

“Quando foi 10 horas ela desceu para Cuiabá de ambulância, só para fazer os exames para ver se o sangue estava coagulando ou não, porque aqui não faz esse tipo de exame”, afirmou Carlezio.

Para ele os médicos disseram que sua esposa estava “fora de perigo”, e que ela receberia alta no máximo ao dia seguinte. Mas ela acabou não saindo com vida da unidade.

Como lhe havia sido garantido que a esposa estava fora de perigo, Carlezio ficou em Chapada com o filho e a irmã de Marciele, que mora em Cuiabá, iria visitá-la na unidade.

Hospitalização e morte

De acordo com Mireille de Pinho Silva, irmã de Marciele, ela chegou à unidade às 13h48, mas só teve notícias dela às 19h.

“Quando cheguei a única informação que me passaram é que ela iria fazer exames e tomar medicação. Era para eu aguardar de 1 a 2 horas que eles me passariam informações”. Mireille procurava a recepção de hora em hora e nada.

“Quando a médica veio falar comigo ela disse que minha irmã tinha tomado o soro antiofídico em Chapada, só que o veneno foi forte então eles iriam aplicar mais 4 ampolas nela”, disse Mireille.

Marciele teria começado a sentir fortes dores abdominais por volta das 17h e sido submetida a uma tomografia para ser transferida para a UTI. O leito, no entanto, não estava “apto para uso” e ela ficou o tempo todo na enfermaria.

“Depois da tomografia eles me liberaram para vê-la. Ela estava consciente, reclamando de muita dor abdominal, não conseguia nem falar direito”, disse a irmã.

Quando Mireille estava saindo do hospital recebeu uma ligação da unidade. “Me ligaram para ver se eu tinha alguma foto da cobra, para mandar para eles com urgência. Mandei pra eles a foto que meu sobrinho me mandou”. A foto foi enviada às 20h17.

Às 1h58 da madrugada de quinta-feira ela recebeu uma nova ligação.

“O médico plantonista disse que na tomografia constou um líquido abdominal, que seria uma possível hemorragia. O cirurgião achou melhor não intervir em uma cirurgia, que a pressão dela estava baixa”, disse.

Oito minutos antes da ligação, Marciele teria tido uma parada cardíaca, sido entubada e sedada e estaria recebendo ventilação mecânica. Seu estado, conforme os médicos informaram, era gravíssimo.

Marciele morreu por volta das 8h de quinta-feira (4). No atestado de óbito consta “coagulopatia – picada de cobra”.

Incertezas

“Na hora que eles pediram a foto eu imaginei que desconfiavam que o soro aplicado em Chapada não foi da cobra que havia picado ela. E pediram a foto para verificar se era a mesma cobra que estava no prontuário médico dela”, disse Mireille.

Segundo Carlezio, não é possível afirmar a responsabilidade de um ou de outro médico, mas o caso gera estranheza.

“Não sei se em Chapada não deram remédio suficiente, mas ela saiu daqui bem. A gente fica procurando motivos, porque ninguém quer perder a pessoa que ama, fica procurando uma explicação melhor. Mas nesse caso eu não sei se culpo alguém, mas sim, é estranho”, disse.

“Ela estava consciente, conversando, falando bem, falava que não estava sentindo mais nada”.

Marciele foi sepultada no distrito de Água Fria.

Fonte: folha amax

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