A União Europeia impôs uma multa de 2,9 bilhões de euros (aproximadamente R$ 18,7 bilhões) ao Google, após concluir que a gigante americana violou regras de concorrência ao favorecer seus próprios serviços de publicidade online em detrimento de sites, anunciantes e concorrentes. A medida visa o serviço do Google que exibe anúncios personalizados em diversos sites com base na atividade dos usuários.

A Comissão Europeia, órgão executivo do bloco, determinou que o Google interrompa práticas de autopreferência e implemente medidas para evitar conflitos de interesse no segmento de publicidade digital. Em nota, o Google classificou a decisão como “errada” e afirmou que irá recorrer. “A multa é injustificada e exige mudanças que prejudicarão milhares de empresas europeias, dificultando que elas ganhem dinheiro”, declarou Lee-Anne Mulholland, chefe global de assuntos regulatórios da companhia.

A investigação da Comissão Europeia teve início em junho de 2021 e concluiu que o Google abusou de sua posição dominante no ecossistema de tecnologia de anúncios. Em 2023, o órgão havia cogitado exigir a separação de parte das atividades da empresa na publicidade digital, medida que, por ora, não foi adotada.

A decisão chega em meio a um contexto de tensão entre a União Europeia e os Estados Unidos sobre regulação do setor tecnológico. Em 26 de agosto, Donald Trump criticou órgãos regulatórios internacionais, ameaçando tarifas e restrições, sem mencionar diretamente a UE.

O Google enfrenta outras batalhas judiciais globais. Nos Estados Unidos, a empresa foi condenada a pagar 425,7 milhões de dólares (cerca de R$ 2,3 bilhões) a quase 100 milhões de usuários por violação de privacidade. Na França, recebeu multa recorde de 325 milhões de euros (cerca de R$ 2 bilhões) por descumprimento de regras sobre privacidade e cookies. Contudo, também conquistou uma vitória nos EUA ao escapar da ordem de vender o navegador Chrome, defendida pelo governo americano.

Com a multa da União Europeia, o Google se vê pressionado a rever práticas comerciais em um mercado que exige cada vez mais transparência e competição leal.