23 C
Mato Grosso
quinta-feira, agosto 28, 2025
spot_img
HomeVariedadesEstudo profundo encontra 35 mil brasileiros em grupos Neonazistas no Telegram

Estudo profundo encontra 35 mil brasileiros em grupos Neonazistas no Telegram

Reprodução

Mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar que plataformas digitais devem ser responsabilizadas por conteúdos criminosos

O Telegram segue como terreno fértil para a propagação de ideologias extremistas. Um levantamento inédito revelou que há pelo menos 35 mil usuários brasileiros em comunidades abertas de neonazismo na plataforma, grupos acessíveis sem qualquer tipo de restrição.

O número, contudo, pode conter duplicidades, já que um mesmo indivíduo pode criar e operar várias contas no aplicativo. Ainda assim, especialistas alertam para a dimensão do problema: trata-se de uma das maiores concentrações de usuários ligados ao neonazismo em redes sociais no Brasil.

De repositório a funil de radicalização

Segundo a pesquisa, os canais neonazistas no Telegram não funcionam apenas como espaços de conversa, mas também como repositórios organizados de arquivos de conteúdo extremista, disponíveis para qualquer um que tenha acesso. A situação se agravou em 2024, quando a plataforma implementou um sistema de recomendação de canais semelhantes.

Na prática, isso significa que quem ingressa em um canal neonazista tende a receber sugestões para entrar em outros do mesmo tipo, criando um ciclo de radicalização algorítmica. Com o Telegram Premium, serviço pago do app, a exposição a essas recomendações é ainda maior.

“A estrutura do aplicativo transforma a radicalização em produto”, afirma Ergon Cugler, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV) e autor do levantamento.

Histórico de omissão e negligência

Não é a primeira vez que o Telegram aparece associado a atividades criminosas. Em 2023, a plataforma foi bloqueada temporariamente no Brasil por se recusar a colaborar integralmente com investigações sobre o ataque a uma escola no Espírito Santo. Já em 2024, o CEO da empresa, Pavel Durov, chegou a ser detido na França, acusado de permitir a disseminação de conteúdos ilegais, incluindo imagens de exploração sexual infantil.

Apesar desses episódios, especialistas ouvidos pelo Intercept consideram improvável que a empresa passe a monitorar ativamente as conversas e canais para cumprir o regime de responsabilidade imposto pelo STF.

O peso do Brasil nesse cenário

O levantamento também revelou que o Brasil ocupa posição de destaque entre os usuários dessas comunidades. Um em cada quatro perfis identificados é brasileiro, e 64% de todo o conteúdo neonazista mapeado na plataforma foi compartilhado a partir do país.

Cugler destaca ainda a facilidade em localizar tais grupos no aplicativo: “É muito fácil encontrar comunidades nazistas no Telegram. Esses espaços estão visíveis, acessíveis e organizados como se não houvesse nada irregular. O extremismo está à mostra”, afirma.

STF pode endurecer medidas

Com a recente decisão do STF, plataformas como o Telegram são obrigadas a adotar medidas preventivas e proativas para remover conteúdos criminosos. Caso não o façam, podem enfrentar sanções no Brasil.

A dúvida que permanece é se, diante da pressão judicial e da exposição pública, o Telegram mudará sua postura. Enquanto isso, os números evidenciam que o neonazismo segue em expansão aberta no aplicativo, sem barreiras eficazes de contenção.

Fonte: Power Mix

Noticias Relacionadas
- Advertisment -
Google search engine

Mais lidas