Na despedida do cargo de secretário de Comunicação da Câmara de Cuiabá, o jornalista Luiz Gonzaga Neto publicou uma nota expressando a gratidão pelos 6 meses no comando da pasta, mas também revelou um “certo alívio” por deixar a função. No comunicado publicado na manhã desta quarta-feira (2), o profissional citou “ambiente hostil” nas últimas semanas.

Em um longo comunicado encaminhado à imprensa, o jornalista iniciou a despedida agradecendo à presidente da Câmara, Paula Calil (PL), e à vereadora Katiuscia Mantelli (PSB) pela oportunidade. Ele destacou que sua decisão de assumir a Secom, veio diante da vontade de trilhar rumos distintos após 20 anos na televisão. Mesmo com o curto período na pasta, Gonzaga fez um balanço positivo de sua gestão, ressaltando o empenho em realizar uma comunicação transparente.

“Entreguei o melhor que pude com o que tinha à disposição e muitas dificuldades pelo caminho. Mesmo assim, trabalhei para mostrar ao povo cuiabano que, apesar da imagem desgastada, a Câmara Municipal é um lugar importante para a cidade e para os cidadãos”, afirmou Gonzaga Neto.

No entanto, o tom do discurso mudou ao abordar as razões de sua saída. Sem citar nomes ou situações, Gonzaga escreveu que vivia em um ambiente hostil e foi obrigado a passar por situações constrangedoras.

“Mas, nas últimas semanas, o ambiente ficou hostil demais. E acabei sendo forçado a conviver com o que de pior o ser humano é capaz de fazer em benefício próprio, mesmo que o resultado atinja outras pessoas”, desabafou o jornalista.

Ele ponderou que “a vida é curta demais para ficar onde a gente não se realiza e onde não querem mais a sua ajuda”.

Com a saída do cargo, o comunicador afirmou que se dedicará ao trabalho na imprensa, cobrindo a política local, como fez por duas décadas.

Embate com vereador 
Nas últimas semanas, o então secretário tornou-se alvo das críticas de um dos vereadores de oposição, Jefferson Siqueira (PSD), sob acusação de perseguição e a dificuldade dos parlamentares emplacar suas ações no site da Câmara. O assunto chegou a ser denunciado inclusive à imprensa pelo vereador.

Leia a nota na íntegra

 “É com gratidão, mas também com um certo alívio que anúncio minha saída da Secretaria de Comunicação da Câmara Municipal de Cuiabá.

Agradeço imensamente à presidente, Paula Calil, que me acolheu desde o primeiro dia nesta Casa, onde começamos juntos uma jornada inédita para ambos. Agradeço também à vereadora Katiúscia Mantelli, que me indicou para o cargo, e a todos os outros vereadores com quem tive um relacionamento sempre profissional e respeitoso.

O motivo da minha saída diz muito sobre propósito. Quando decidi trilhar novos rumos após mais de 20 anos de televisão, coloquei na cabeça que, a partir daquele momento, permaneceria apenas nos lugares onde a minha presença fizesse sentido para mim e para quem estivesse à minha volta.

Foram seis meses de muito trabalho, dedicação e sincera vontade de fazer a diferença. Entreguei o melhor que pude com o que tinha à disposição e muitas dificuldades pelo caminho. Mesmo assim, trabalhei para mostrar ao povo cuiabano que, apesar da imagem desgastada, a Câmara Municipal é um lugar importante para a cidade e para os cidadãos.

Do ponto de vista da Secom, acredito que a nossa equipe cumpriu o papel de realizar uma comunicação pública transparente e relevante para a sociedade. Em seis meses, foram publicadas 817 matérias. Desse total, 261 foram produzidas exclusivamente pela equipe da própria Secom – as outras vieram dos gabinetes. Também fizemos um trabalho de reposicionamento de imagem nas redes sociais, com coberturas constantes de todas as atividades realizadas na Câmara Municipal.

O resultado foi que, mesmo sem orçamento de mídia – sim, para os desinformados, a Câmara está com um processo licitatório para contratação de agências em andamento, após o cancelamento do processo anterior pela gestão da Mesa Diretora que se encerrou em dezembro de 2024 – as ações parlamentares dos nossos vereadores tiveram ampla cobertura da imprensa. Depois de muito tempo, o povo cuiabano finalmente descobriu que nem só de confusão vive a Câmara Municipal.

Mas nas últimas semanas, o ambiente ficou hostil demais. E acabei sendo forçado a conviver com o que de pior o ser humano é capaz de fazer em benefício próprio, mesmo que o resultado atinja outras pessoas.

Aí, eu me perguntei: preciso disso? Cheguei à conclusão que não. A vida é curta demais para ficar onde a gente não se realiza e onde não querem mais a sua ajuda. Sem diálogo honesto, transparente e verdadeiro, não há motivo pra continuar.

Retorno aos meus projetos pessoais com o coração leve, certo de que fiz o melhor. Tenho uma rede de apoio incrível, onde sei que meu trabalho é relevante e valorizado. Desejo boa sorte a quem fica e a quem vem.

A partir de agora, estarei na Câmara apenas como parte da imprensa, para fazer a cobertura política diária e necessária para manter a população informada” 

Por Fred Moraes