Irmãos foram encontrados em situação análoga à escravidão em Pontal do Araguaia — Foto: Polícia Militar de Barra do Garças/Assessoria
Além das condições precárias, a violência física fazia parte da rotina, conforme depoimento das vítimas. A família disse que tentou sair da propriedade, mas não tinha condições de se manter e acabava voltando.
G1 MT – A Justiça condenou os proprietários da Fazenda Canoeiro, em Pontal do Araguaia, a 510 km de Cuiabá, ao pagamento de indenizações por danos morais coletivos, materiais e individuais aos irmãos Marinalva Santos e Maurozã Santos, de 43 e 49 anos, na época, que foram submetidos a mais de 20 anos de trabalho análogo à escravidão na propriedade.
A ação foi movida pelo Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso (MPT-MT) após o resgate das vítimas, em 2019, e a decisão foi publicada no dia 23 de outubro.
Ao g1, a defesa dos proprietários da fazenda informou que não vão se posicionar sobre o caso no momento.
As vítimas começaram a trabalhar na propriedade quando ainda eram jovens. Elas foram resgatadas por uma equipe do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) que visitou o local e os encontrou trabalhando descalças, com as roupas sujas e mau odor. Ambos eram responsáveis por serviços gerais, como a manutenção da horta, da represa e dos animais da fazenda.
Os profissionais do Cras afirmaram que as condições de trabalho e de vida no local eram precárias. Os irmãos moravam em uma casa com péssimas condições de higiene, não recebiam roupas de corpo ou de cama, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), folga e nem salário.
Marinalva relatou que já havia tentado sair da fazenda, mas retornou para a propriedade por não ter condições de se manter. Ela ainda complementou que as refeições eram raras e consistiam basicamente em ‘pão e bolo’.
O local não era limpo com frequência — Foto: Polícia Militar de Barra do Garças/Assessoria
Do G1 MT