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quarta-feira, janeiro 1, 2025
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O que está por trás dos sangrentos confrontos entre bandidos e policiais na Bahia

Luta entre facções criminosas exigem reação das forças públicas

O caos se instalou na Bahia, embora já pairasse no ar com antecedência. Não é de agora. Um agente da Polícia Federal foi morto em confronto com traficantes em disputa de território. Mais dois policiais ficaram feridos. Quatro bandidos envolvidos na troca de tiros perderam a vida. Com eles, foram encontrados fuzis, pistolas com carregadores e farta munição.

A morte do federal causou comoção, luto oficial, palavras consoladoras do ministro da Justiça e Segurança Pública, antes crítico da Polícia Militar de São Paulo. Federais, policiais militares e civis se uniram para montar o Ficco, a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado.

Diante desse cenário, é preciso explicar qual é o pano de fundo dessa história. Ferocidade bandida e letalidade policial são ressaltadas. Porque chegamos a esse ponto, é preciso que se diga sem meias-palavras. Para variar, fica devendo olhar para a indispensável e reveladora radiografia.

Aos fatos não contados: a essa ação policial integrada, deu-se o nome de “Fauda”, que quer dizer “caos” em árabe. O nome significa que, de fato, estava se vivendo uma situação caótica, tanto que os policiais precisavam fazer várias prisões, cumprindo mandados, e localizar depósitos de drogas, armas e munições. Arsenais do crime organizado.

Estava acontecendo que bandidos em lutas ferozes entre si, além de trocar tiros, invadiam casas durante a fuga, procurando se esconder em casas onde famílias inteiras eram feitas reféns. A Polícia Militar, indo para o local, ficava a “negociar” – coisa bem difícil quando se trata com bandidos, evidentemente nada confiáveis.

Busca-se, nessa situação, como se ensina na Academia do FBI, a Polícia Federal dos Estados Unidos, a desejável “solução satisfatória”. Mas, se em vez de “negócio” com bandidos, que preferiam abrir fogo, não havia, e nem há, alternativa senão reagir.

Na troca de tiros, mortes e Polícia sendo chamada de “letal”. Chegou-se até a comparar que a polícia baiana estava sendo mais enérgica do que a paulista agindo no Guarujá, em represália ao assassinato, por bandidos, de um soldado da Rota.

Chegou-se ao ridículo de comparar politicamente as ações das duas Polícias, com o se os respectivos governadores dos Estados da Bahia e São Paulo fossem os diretos responsáveis política e ideologicamente pelas mortes.

Não é nada disso, torna-se obrigatório esclarecer. Ao não deixar que fossem identificados e capturados os perigosos frutos dos ovos de serpentes, procurava-se antecipar, de maneira absurda, votos para futuras eleições, como se em vez da batalha entre bandidos e policiais, houvesse alinhamentos ideológicos, provocadores de verdadeira guerra entre partidos e não com bandidos.

Quando isso acontece, e aconteceu, perde-se o interesse público, a defesa da sociedade, a proteção aos cidadãos, floresce o domínio do medo e se erguem monumentos para teses abstratas, construídas no vácuo.

A Fauda exigiu o Ficco

Momentaneamente, ficou imprescindível unir e integrar as forças de segurança. Coirmãs, na verdade.

Os fatos, entretanto, sobrepujam interpretações inócuas. O momento baiano precisa ser exposto a partir de uma situação real, que certas miopias sociais preferem não admitir. No caso concreto, uma poderosa organização criminosa, o Comando Vermelho, decidiu sair do Rio de Janeiro e instalar-se também na Bahia.

Na terra do escritor Jorge Amado, houve resistência de uma facção de menor porte, mas que ambiciona rivalizar com os facínoras do Rio. Trata-se do “Bonde do Maluco”.

Pelo nome da facção, já se pode ter uma ideia sobre quem o chefia. O portador de transtornos mentais, em gíria marginal, traduz que o grupo está disposto a fazer qualquer tipo de coisa, em busca de domínios territoriais na venda de drogas. O “bonde” é a turba que ele chefia.

Os esconderijos estão longe do Pelourinho, do mercado Modelo e do Farol da Barra. Concentram-se em áreas periféricas, como nos bairros de Valéria e Mirantes do Periperi.

A lógica dos participantes em confrontos é completamente diferente. Matar, por exemplo, é algo considerado absolutamente “normal” entre eles. Rivais, dizem, precisam ser eliminados. Traidores são punidos com a pena de morte. Dissidentes são torturados. Não seguir as regras do bando é buscar o caminho da morte. Nada de delação premiada, isso seria coisa de dedo-duro ou alcaguete.

Resta definir: como enfrentar esse tipo de gente? Quando invadem uma casa para se refugiar, até as crianças são imobilizadas com armas apontadas para suas cabeças. Uma cena terrível, mas rotineira. Não provoca repulsas e indignações. A resistência pelo lado legal, porém, é severamente criticada.

Busca-se uma fórmula. Do jeito que estão, as coisas não podem continuar. Entre a ação e a passividade, o necessário meio-termo é buscado e no momento não encontrado.

A solução satisfatória do FBI passa pelo legado do baiano Ruy Barbosa, nosso jurisconsulto maior, para que as altas esferas poderiam errar por último. Vamos adaptar: mas também, para o bem de todos, não se pode errar primeiro.

Fonte: R7

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